quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Tô com frio.com

Segunda-feira. 7h15. -3ºC. Neve. Nenhum sinal do amanhecer.
Quinze minutos atrás estava debaixo de três cobertores e dentro da calefação do meu quarto, curtindo aquela deliciosa sensação de dormir quentinha numa manhã de inverno. Mas tinha conseguido um bico de recepcionista, que começava 8h da madrugada.
Madrugada mesmo, porque só começa a clarear lá pras 8h30.
Então dá pra imaginar o breu que tava quando saí de casa.
Mas fui logo despertada por um quase mega tombo que levo ainda na portaria do prédio, por causa da pista de patinação na qual o chão tinha se transformado com o gelo da madrugada. Nem internet, nem tv, nem radinho de pilha: esse foi o meu modo de descobrir a nevasca que começava a atingir toda a Europa.
Sei que foi um caos, atrasou voos, ficou tudo congelado e tal. Mas foi tão lindo olhar pra cima depois de me refazer do escorregão e ver a rua toda branquinha! Dá outra cara pro frio, que na semana passada chegou com tudo por aqui.
Hoje e ontem o tempo deu uma aliviada boa, o suficiente pra eu perceber como o meu humor é afetado pelo nível de frio que sinto. Quandos os termômetros baixam a -3ºC ou meus pés começam a congelar, me bate uma vontade louca de sair correndo pro aeroporto, trocar minha passagem de volta para amanhã e curtir o Natal como ele deve ser: na casa da vovó, com farofa de ameixa, rabanada e, oras, muito calor.
Mas sem dramas. Além de ter a casa só pra mim, amanhã é dia de dismistificar o Natal, como me disse uma amiga: vou passá-lo numa daquelas festas com alguns amigos e muitos desconhecidos. Ah, e sob floquinhos de neve. Que frioooo

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Calle del Limón, número 1.

É o meu novo endereço. Não é uma fofura?
Mais ainda é o bairro, um intricado de ruelas e ladeiras com sacadas charmosinhas, restaurantes típicos, sebos, livrarias, mercado tradicional, bares e cafés aconchegantes e, um centro cultural e uma mega biblioteca municipal. Fica numa área um pouco elevada ao lado da Plaza de Espanha, uma das principais aqui de Madrid e marco inicial da Gran Via, a versão espanhola da Champs Elysée.
Eu já vinha namorando essa área antes de voltar pro Rio, mas só achava coisas caras. Até que achei um quartinho - dessa vez é quartinho, e não quartão - por um preço bem camarada. Marquei uma visita no dia que eu cheguei com os donos, um casal de velhinhos fofinhos - fofinhos no limite dos espanhóis, diga-se - e decidi baixar acamapamento por aqui mesmo.
Bom, chega de papo e vamos aos fatos, ou melhor, às fotos:

Apresentando...meu quarto:



A sala, apertadinha...


...e a cozinha, por sua vez bem espaçosa:


Agora vamos dar uma voltinha no bairro. Eis aí a minha rua.


E a rua do lado, com lojinhas como essa confeitaria...


...e esse café estiloso:


Nessa mesma rua, há alguns dos muitos restaurantes típicos da área: um chinês e um tailandês (na foto) - mas também tem um peruano, um mexicano, um cubano, um turco, um venezuelano, um árabe, um libanês, muitos orientais e vários outros que agora não me lembro. Pra não mencionar as lojinhas de alimentação com produtos latinos - yes, nos temos pão de queijo e farofa - e orientais - orientais de verdade, escritos em japonês e tudo, além de baratinhos.
No final da rua, pra completar, um mega achado: o Mercado de los Mostenses, uma espécie de Cobal com todas as frutas, verduras, peixes, frango, carne e embutidos que se imagina.


Essa é a rua debaixo, que dá na Plaza de Espanha e onde tem a academia que eu quero entrar desde o dia que cheguei (só falta me matricular!). Não é nenhuma Pro-Forma, mas custa menos que a terça parte dela, e tem aula de pilates, musculação e, principalmente, uma sauninha pra eu ir lá me descongelar de vez em quando.


Falando em congelar, hoje nevou pela primeira vez neste inverno. A rua tava linda, com os carros todos branquinhos (alguns enguiçados, mas isso é só um detalhe).
Tudo muito romântico até os meus pés começarem a congelar e assim ficarem pelo resto do dia. Sério, eles até fizeram aquele barulinho de choque térmico quando entrei no banho pelando ao voltar da aula. E do banho vim direto pra debaixo das três cobertas de lã - que seriam exagero se a calefação do meu quarto não resolvesse desligar sozinha - e onde estou até agora. To aqui reunindo forças pra ir até a cozinha esquentar um saco de água quente pra colocar no meu pé, que parecem trancados em um freezer.
Tento pensar que frio é psicológico e ignorar o fato de que ainda tenho mais dois meses de invernão, mas confesso que tem (vários) momentos que esse frio tira meu humor e que me dá uma vontaaaade de sair correndo pro aeroporto e trocar minha passagem de volta por 15 dias de calor do verão e da minha gente aí do Rio...
Deve ser coisa de Natal, que eu nunca passei longe da casa da vovó. Aliás, falando nele - o Natal - termino com uma fotinho da árvore que montaram aqui na Plaza de España, e que descongela um pouquinho minhas noites e dos pensamentos frios...
quem se solidarizou e quiser fazer uma visitinha, ja sabe o endereço - Calle del Limón, número 1!):

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Assentamento

O encanto de Madrid é misterioso. Não por ser uma cidade com ares místicos e lugares secretos - até porque não o é -, mas por te enganchar sem nenhum motivo aparente, sem obviedade. Ele, o motivo, aparece sutilmente quando você está andando na rua, ou vagando por aí.
Tão sutilmente que acho que tinha até me esquecido porque quis voltar. Ok, o curso de doutorado era o motivo principal, na carona das chances de continuar fazendo jornalismo freelance e de rever as amizades.
Mas as entrelinhas deste roteiro principal são como o encanto de Madrid: não se tira delas uma resposta direta, uma obviedade como a Paris da Torre Eiffel, dos museus, das baguetes e doces maravilhosos em cada "birosca" ali da esquina, do charme da cidade universitária onde fiquei hospedada há três semanas.
A resposta vem aos poucos...
Na semana passada, foi a vez de a minha irmã vir pra cá, e, ao contrário da minha estadia em Paris, com agenda cheia, por aqui faltava compromisso pra preencher os dias - há que se considerar também que ela já conhece todos os pontos turísticos que eu conseguia pensar.
Mas foi numa caminhada rumo à chocolateria San Ginés - que tem os churros com chocolate mais famosos de Madrid - que a tal resposta veio.
Foi essa:

A luz da lua cheia que rasgava as nuvens e completava a iluminação do prédio da prefeitura de Madrid (este que aparece na foto) e a decoração natalina já em toda a cidade foi a minha resposta. Não podia ser nada que não o céu de Madrid, que já me deu as boas vindas, me consolou, me parabenizou no meu aniversário, sorriu comigo e se despediu quando fui embora, que agora me daria essa resposta, ainda que, conscientemete, não a tivesse buscando.
Hoje passei o dia arrumando meu quarto depois de quase duas semanas só parando nele para dormir por causa de aulas, trabalhos, turismo e muitos encontros, e também para aproveitar que não tinha curso - muito puxado - e planos pra noite - também muito puxada(pro meu ritmo!).
Depois de baixar o acampamento (enorme, por sinal) e antes de fazer uma deliciosa tortilla española e devorá-la enquanto assistia a um documentário na TV Española sobre o El Bulli - do Ferran Adria, o melhor chef do mundo segundo não sei quem - plantei umas sementes de girassóis que tinha comprado em Paris, porque me lembrei da frase que veio no cartão que meus pais me deram a caminho do aeroporto: "se quiser ser feliz por toda vida, cultive um jardim".
P.s.: Nos próximos posts, fotos e detalhes do novo apartamento e do bairro e algumas dicas pra quem quer vir por essas bandas(com hospedagem garantida!).

sábado, 28 de novembro de 2009

O retorno

Depois de dois cansativos mas ótimos meses em casa e uma semana maravilhosa em Paris com minha sister, voltei a Madrid para uma segunda temporada.
Apesar das dificuldades - leia-se o frio e a conta bancária magrinha - estou bem feliz de estar por aqui de novo, e animada para os novos capítulos deste blog, que também tirou férias mas agora volta ao batente.
O fio condutor desta nova temporada é um doutorado em Migrações Internacionais, que comecei no dia que pisei na Espanha - o mesmo, by the way, que assinei o contrato do novo apartamento.
Por enquanto, como de costume, deixo algumas fotos desses primeiros dias. E convido a todos a novamente me acompanharem aqui nos próximos meses e, de novo, me fazerem sentir mais perto de vocês!


Jantar de boas vindas das minhas queridas amigas madrilenhas e latinas, que deram outra cor pra minha estadia aqui.


Na Eurodisney com Bel.

domingo, 13 de setembro de 2009

27

Há um ano fiz 26 anos e escrevi sobre a sensação de estar presa a um "eterno intervalo de tempo", sobre a vontade de "ver no meu retrato as mudanças que não passarão desapercebidas". Há nove meses embarquei em uma viagem para, sobretudo, buscar essas mundanças. Hoje eu fiz 27 anos e voltei pra casa com uma sensação deliciosa de olhar para trás e ver as minhas pegadas em um caminho que pode ser que tenha sido torto, com mais curvas do que a rota inicial, mas um caminho que eu mesma construí.
Pode não ter sido um caminho longo - quiçá não percorri mais que o trecho inicial - mas foi grande o suficiente para acolher uma imensidão de experiências: fiz lindas amizades, estudei países que nunca tinha ouvido falar, escrevi sobre eles, escrevi sobre um mercado de pulgas, sobre o aborto, sobre as Olimpíadas, sobre moda e arte, sobre bolinhos confeitados, a gripe suína e a imigração. Trabalhei, entrevistei e fui entrevistada, vi o Rei, vi o Rafa Nadal, vi imigrantes na rua e me entristeci com isso. Chorei ao ser demitida, chorei de saudade, chorei de emoção no meio da rua. Mas também ri até doer minha boca, tive dor mas não precisei ir no médico nenhuma vez (uma vitória para uma hipocondríaca!). Congelei no inverno, fritei no verão, fui à praia, vi a neve, fiz topless involuntário (leia-se um mega caixote no mar) e voluntariamente vesti quilos de roupa. Perdi e ganhei quilos, comi a dieta mediterrânea mas também a marroquina, a francesa, a portuguesa, a inglesa e a latina. Descobri os latinos, descobri que sou latina e me orgulhei muito disso. Aprendi a dançar salsa e merengue, mas também a cozinhar, a lavar o banheiro, a esfregar o chão, a limpar vidros, a fazer café, a carregar bandeja (sem derrubar!), a lavar louça. Me cansei. Dormi. Dormi num barco, dormi na casa de amigos, dormi em pé, dormi na areia, dormi no metrô, não dormi, peguei metrô, ônibus, trem, avião, andei de bicicleta, andei por quase toda Madrid. Viajei, sozinha, com meus país, com amigos novos e com os antigos que reencontrei pela Europa. Tomei vinhos maravilhosos - e baratos!. Gastei, economizei, mudei, me surpreendi e até me acostumei, e, como poucas vezes, me senti muito viva, uma sensação que é pra sempre, que nada mais pode tirar de mim.
Ano passado eu fiz 26 anos e escrevi que queria achar meu espelho. Este ano eu fiz 27 anos e escrevo que já não preocupo mais em encontrar esse espelho, porque meu reflexo mais fiel está no mundo, nas pessoas, no que ainda não vi e que anseio para ver nesse caminho que continuarei a construir (depois de umas fériazinhas em casa!).

"Hoje entendo bem meu pai. Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou tv. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas prórpias árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar o calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sobre o próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser. Que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver."
Amir Klink.

sábado, 5 de setembro de 2009

Cigana por um mês

Já que tenho ancestrais romanos e húngaros, decidi explorar minhas raízes ciganas no mês de agosto. Depois de 26 anos morando na mesma casa, em um só mês "morei" em quatro lugares diferentes, sendo um deles um barco.
Ok, admito que não foi uma experiência voluntária: o contrato do meu apartamento terminou no fim de julho, e um amigo do Rio que mora em Madrid com a família me ofereceu seu apartamento nos 15 primeiros dias de agosto a começar pelo dia 2, quando viajaria de férias. Nesse hiato de dois dias, fui pra casa de uma amiga espanhola que ainda me ajudou a transportar minhas 5 malas, um caixote de livros e papéis e umas 50 sacolas (impressionante nossa capacidade de acumular coisas em alguns meses).
Depois de dois dias com a Susana, que mora ao norte de Madrid em uma casa com um jardim lindo e uma piscina que dá outra cor para o verão sufocante dessa cidade, passei 15 dias no apartamento do Fernando em regime de quarentena para escrever o trabalho final do master. Ao sair de lá, tinha planejado partir em uma viagem de uma semana em um barco da ONG de meio ambiente, onde estou "estagiando", que percorre a costa espanhola fazendo campanhas em portos e praias.
Mas, como quase tudo nessa viagem foge dos meus planos, a campanha atrasou alguns dias e, ao mesmo tempo, fui chamada para trabalhar nos fins de semana até o início de setembro num restaurante vegetariano que adoro.
Como a Susana foi viajar, recorri então a uma amiga uruguaia, que me abriu as portas do seu apartamento, o meu 3º lar do mês, por outra semana mais, uma semana de muito estudo, muito calor mas ótimas conversas.
Chegou a última semana de agosto e eu parti rumo à minha 4ª cama do mês, dessa vez o sofá da cabine do veleiro da ONG. Ok, confess que já não tenho o mesmo espírito hippie de alguns anos atrás e prefiro morar em uma casa mais limpinha e com gente que tome outros banhos além do de mar, mas foi maravilhoso dormir com o balanço do mar (sensação me acompanhou em terra firme nos 4 dias seguintes) e olhando para o céu, estudar na praia, comer muitos frtos do mar, ser assessora de imprensa de campanhas ecológica e, sobretudo, torrar ao sol.
Agosto acabou, mas meu espírito de cigana ainda dura mais alguns dias, que eu passo de novo na casa do amigo carioca, que está semana está de novo fora da cidade.
Pra quem nunca tinha se mudado na vida, tenho que dizer que não me saí mal. Devem ser minhas raízes ciganas.
Raízes, porém, que em alguns dias descansarão, agora sim, no meu lar, na minha cama, a de toda a minha vida...
Sim, estou voltando pra casa.


E, abaixo, o pôr do sol de Madrid visto da varanda da Raquel, em um dos ótimos momentos desse mês itinerante.

domingo, 30 de agosto de 2009

As férias - capítulo 3

Girona. Esse era o destino do primeiro ônibus do dia que saía do aeroporto, e, em instantes, o meu também. Meia hora depois e lá estava, na cidade catalã que se apresenta como pioneira nos estudos da Cabala e na convivências entre judeus, árabes e cristãos. E tudo isso aos pés dos Pirineus, que eu avistava da muralha que cerca o centro histórico da cidade.

Lá também fica o museu de história judaica, que eu fui visitar e onde topei com um casal de Miami que eu pensei que, por coincidência, podiam conhecer meus tios que moram lá. Não conheciam, mas, por coincidência, a mulher era brasileira, o que incentivou uma conversa que se prolongou em um café e até a hora do almoço.
Mas eles tinham que seguir o roteiro deles - que consistia na árdua tarefa de atravessar a fronteira com a França de carro para um encontro de Ioga - e eu, o meu, que, er.. bem.. a verdade é que não tinha nenhum roteiro, a não ser pegar um ônibus para Madrid no fim do dia. Mas ainda faltava muitas horas para isso, então lá fui eu pra fila da rodoviária de Girona descobrir o meu destino na televisãozinha que mostra as próximas saídas.
Uma delas era Lloret de Mar, uma cidade de praia na fronteira com a França, na chamada Costa Brava espanhola. Então tá. Uma hora depois, e lá estava eu, caminhando pelos 100 metros que dividiam a rodoviária da praia de uma cidade que não parecia em nada com os típicos pueblos espanhóis: ali via-se muita gente loura, barraquinhas de crepe no meio da rua, como em Paris, e um idioma que mistura o francês com o catalão e, ok, um pouco de espanhol.
Pensei que essa experiência antropológica terminaria quando chegasse na praia, onde planejava torrar até o fim da tarde. Mas lá dava até para escrever um tratado sobre a humanidade.
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Lloret de Mar, a farofada européia na fronteira com a França
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Diferente de Barcelona, a areia não reluz dourada em Lloret de Mar. Aliás, não é nem areia, são minúsculas pedrinhas claras. A geografia também é bem diferete: a praia é mais rochosa, selvagem. O mar é bem mais agitado, assim como a frequência da praia: estava tão cheio que foi difícil achar um espacinho pra minha canga (ok, tinha a mala também, que não pude deixar na rodoviária porque não tinham locker).

E ali, no meio daquela multidão, aprendi o que é uma farofada européia. Ao contrário do clima blasé e os top less de Barcelona, a turma lá deita em cima de bóia enormes (na areia!) e come lanche do Mc Donald´s que fica ali na esquina.
Mas eu disse farofada à européia: as rochas e um castelo na ponta da praia conseguem ofuscar a bagunça. Bagunça que já se nota desde a rodoviária, que fica a não mais que 200 metros da praia. Nesse trajeto, vende-se de tudo, inclusive - e principalmente - crepes e waffles, em barraquinas como as de Paris.

Mas ese não é o único sinal de que estamos na fronteira com a França: além do catalão e do espanhol, o francês também está nas placas de rua e nas conversas. Tentei acompanhar algumas e tenho certeza de ter ouvido os três idiomas.
Apesar de que foi o espanhol que me serviu pra pedir a uma família do meu lado para olhar a minha mala enquanto eu ia dar um mergulho. Tarefa árdua nesta praia em que: 1) as ondas estouram na beira, formando uma grande "rampa", e 2) nessa rampa fica metade da multidão da praia, que se deixa arrastar pelas ondas, numa espécie de caldo voluntário. É impressionante o gosto que tem essa gente por levar caldo. Pensei que deve ser coisa dos europeus do norte, que parecem ser maioria por aqui.
A excitação era tanta que me contagiou, e me taquei no mar feliz e saltitante por me refrescar do calor fritante que fazia nas águas da Costa Brava.
Chique? Podia até ser, até a hora que eu tentei sair do mar e tomei um caixotão que levou o biquíni la na cabeça.
Ok, nada muito anormal num lugar em que as pessoas voluntariamente levam caldo e ficam de peito de fora. Então eu saí rindo, embora com um quilo de areia no nariz e outros dois no cabelo.
Me sentei ao sol e logo voltei à rodoviária, onde peguei um ônibus para Barcelona e dali direto pra Madrid. Depois de oito horas de viagem, enfrentei mais 40 minutos esperando o ônibus noturno para me levar a Plaza de la Cibeles e, dali, para casa.
O enorme relógio da Cibeles marcava 4h55 quando cheguei, exatas 24 horas depois de eu chegar no aeroporto de Barcelona e nem imaginando que, mais uma vez, seria presenteada com o imprevisto.
Olhei para a estrela que acompanhava o relógio da Cibeles e pensei: como quero ter outras viagens como essa!

sábado, 22 de agosto de 2009

Vai entender...

Coisas do capitalismo em crise: Na Espanha um casaquinho custa o dobro de uma passagem de avião e, ao mesmo tempo, 20 centavos menos que o bolo de cenoura do Starbucks - palavra de quem comprou os três e gastou, no total, 5,20 euros.

(só uma pausa antes do capítulo 3 das férias)

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

As férias - capítulo 2


Dois dias depois e aqui estou, estirada na praia de Barceloneta, em Barcelona, sob um sol de 40 graus que arde até as 21h30 e sobre uma areia que, como o brinco de capim dourado que uso, reluz como grãozinhos de ouro quando o sol bate na borda do mar Mediterrâneo.
Ah, o Mediterrâneo. Esta foi a primeira vez que mergulhei, nadei e boiei nele (ok, confesso que não é muito diferente do Atlântico, fica então de licença poética tá?). E boiei com meus lábios ardendo pelo sal (este sim, mais forte que no Atlântico), meu corpo tostando com o sol mas minha alma, seca por um banho de mar, sugando todo o prazer daquele momento.
Esse excesso de elogios pode uma visão romântica fruto da nostalgia que me bateu durante este verão de muito calor e nenhuma umidade em Madrid, somado aos seis meses sem tocar o mar. Até porque, praia por praia, prefiro Ipanema. Mas a Barceloneta, especificamente, é uma praia que compete com as nossas, embora também tenha seus defeitos. Um deles, os pick pockets profissionais, que inclusive tentaram roubar minha bolsa enquanto eu boiava no mar.
Fui salva por umas meninas holandesas de topless que estavam sentadas ao meu lado(o Marcelo e Renato se arrependeram profundamente de não ter me acompanhado na praia esse dia). Como boa carioca, havia pedido que elas olhassem minha bolsa, mas só pela força do hábito. Afinal de contas, pensei, sorry periferia, mas estou numa praia européia. Bobinha.
Comemorei o fato de que não tinha sido roubada (de novo, como boa carioca, isso é motivo de comemoração) devorando um bocadillo de calamares (= anéis de lula a milanesa na baguete) ali mesmo na areia, enquanto lia "Geografia a Fome" e esperava o Marcelo, que foi me encontrar para um passeio na orla para o pôr do sol (leia-se 22h).
E passeamos por uma das partes mais encantadoras de Barcelona: ótimos músicos se apresentando na rua, pessoas sentadas na grama assistindo, filas de bares e restaurantes à beira-mar e uma zona portuária cujo charme e movimento foram restaurado para as Olimpíadas de 92 e se mantêm até hoje.
Foi um fim de dia perfeito daquela viagem perfeita: matei toda a minha sede de mar e me diverti com amigos do Brasil - que, diferente dos ótimos amigos brasileiros que eu fiz aqui, fazem parte da minha história, são um pouco como família e, por isso, fazem eu me sentir um pouco mais em casa. No meio da madrugada peguei o ônibus até o aeroporto de Girona, cidade vizinha a Barcelona e de ontem saem os voos baratos para Madrid, para voltar feliz e contente a Madrid. Ledo engano...
Perdi o voo porque estava sem o passaporte (achei que a carteira de residência espanhola bastasse). Me disseram que ligasse para a polícia da Catalunya, que enviaria uma viatura ao aerporto para registrar a perda do passaporte e, com essa denúncia, conseguiria viajar. Mas eles deviam estar fazendo operação em alguma favela de Barcelona porque passou uma hora e nada. Fui tentar falar com os simpáticos e flexíveis funcionários da RyanAir, que disseram que podiam me colocar num voo da tarde por uma mísera taxa de 100 euros, apenas 95 euros a mais do que eu tinha pago.
Então ali estava eu, as 6h30, sem dormir, num aeroporto lotado de gente, no meio do nada, sem passagem e sem destino. Opa, eu disse sem destino? Hmm, aquele estresse começou a ficar interessante: quem sabe não seria uma chance de me aventurar por aí? Fui ao balcão de informação e decidi ir para onde saía o primeiro ônibus. E lá fui eu, para mais um dia de ótimos imprevistos...

terça-feira, 4 de agosto de 2009

As férias, capítulo 1

O capítulo um começa com uma dúvida (pra variar), que remonta a meados de julho (sim, estou um mês atrasada):
Comecei a trabalhar em uma sorveteria/cafeteria, depois de ser demitida de uma patisserie belga que eu estava amando mas que cortou 15 funcionários por causa da bosta da crise.
O trabalho, diferente da patisserie belga, onde o mundo era cor de rosa e o pao, maravilhoso, é bem puxado: quase 10 horas por dia, seis dias por semana, e não pense que é só ficar colocando bolinhas de sorvete no copinho. Vai daí pra baixo.
O salário é ruim para a exigência de trabalho, mas bom em termos relativos. Dá para me manter bem e ainda juntar uma grana extra e poder fazer um doutorado mais tranquila. Além disso, o cara que me contratou aceitou numa boa a minha carteira de identidade de estudante (que, apesar de legal, é rejeitada por muitas empresas), e a gerente é uma argentina super fofa. Isso para não mencionar que posso passar o dia tomando sorvete e sucos, comendo croissants e sanduiches.
Bem, er, então, qual é a dúvida?
Basicamente, que tenho até setembro para escrever a tese e, apesar de não estar mais em aulas, ia começar em breve a parte prática do curso - que previa uma viagem de cinco dias em agosto. E, depois de nove horas esfregando chão, servindo sorvetes, lavando louça, passando calor e afins, já não me sobra muito ânimo. Menos ainda porque que me trocaram de turno e a minha chefe, que era uma argentia fofa, passou a ser uma bruxa espanhola grossa e mal-humorada.
Acrescente-se a isso o fato de que, dias depois, chegaram a Madrid o Renato e o Marcelo, dois amigos do Rio com quem havia combinado três dias de praia em Barcelona, o que, para quem encara os 40 graus diários e a secura de uma cidade que está a pelo menos três horas de qualquer resquício de mar, é um paraíso.
E foi sonhando com esse paraíso que cheguei na sorveteria as 8h de um domingo, alguns minutos antes de a gerente bruxa soltar a sua primeira grosseria do dia, reclamando que eu estava colocando os croissants na bandeja com uma mão, em vez de duas. Pensei: pronto, esse era o motivo que faltava para me convencer a jogar a toalha - neste caso, o avental. Comi calmamente um croissant, chamei a gorda pro canto e disse: olha, assim não está dando para eu continuar, você é muito grossa e não dá para trabahar dessa forma, etc e tal.
Terminei o discurso, tirei o avental e saí correndo para pegar o Renato e o Marcelo ainda na minha casa, aonde eles se hospedavam, e aproveitar o dia em Madrid.
Tudo bem, foi tudo muito intenso, com cara de cena de filme e tal, mas a dúvida de abrir mão de um emprego que poderia me garantir uns meses mais aqui ainda rondava minha cabeça. Até pararmos para ouvir um grupo de violinistas que se apresentavam na rua. Ali, ao som de Primavera de Vivaldi (a música-tema da viagem com os meus pais pela Europa) e de Tango e na entrad da Plaza Mayor, fechei os olhos e, só pelo que senti naquele momento, já valeu a pena.
E olha que ainda nem tínhamos embarcado para Barcelona, onde muito sol e mais confusões me aguardavam...

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Homeless

Lembra o "apartamento perfeito " que tinha encontrado lá atrás? Pois bem, amanha vou deixá-lo de mala(s) e cuia(s). Por nenhum motivo específico se nao o de que o contrato estabelecia entregar as chaves no dia 31 de julho - uma data que, lá nos idos de janeiro, me parecia muito longe de chegar.
Mas tá chegando, o que justifica a falta de "til" nesse texto. Explico: a internet lá de casa já foi bloqueada, e por isso esta semana tenho que encarar essa cadeira dura da biblioteca para entrar no computador. Porque o meu já está devidamente empacotado, junto a outros tantos trecos (é incrível a nossa capacidade de juntar trecos, e mais ainda, de nao conseguir jogá-los fora) empilhados no meu quarto e cujo destino..er..hum..ainda é incerto.
Esta tarde é a vez dos pôsteres, casacos e calças saírem das paredes e dos armários rumo às quatro malas que, temo, serao muito pequenas para tudo. Aos poucos meu quarto, meu espacinho nesses seis meses de Espanha, vai se desfazendo, embora na minha memória ficará intacto para sempre.
A partir de domingo, uma nova fase. Sexta e sábado sao hiatos que ainda nao resolvi como preencher. O pior é que nem existem pontes aqui em Madrid pra eu dormir debaixo.
Há seis meses escrevi sobre a mudança para o apê em um texto que intitulei "Céu e teto". Amanha deixarei esse teto em busca de um novo, mas o mais incrível é que o céu, uma das maiores qualidades de Madrid, esse sim continua o mesmo, com um azul quase fluorescente de tao forte e a lua como que boiando sobre ele.
E já aprendi: quando bate a saudade, a incerteza e outras sensaçoes chatinhas, é só olhar pra cima e na hora me lembro desse presente, o céu de Madrid - só por ele valeu a pena ter vindo! Daí o teto vira o de menos...
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Enquanto procuro teto, vou deixá-los com notas das últimas duas semanas, que começaram com um emprego de 10 horas diárias numa sorveteria e terminaram em Barcelona e Costa Brava, passando, pra variar, por um monte de confusoes. Aguardem os próximos capítulos!

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Madrid ferve. E brilha

Como já escrevi sobre os graus negativos de quando cheguei na Espanha e sobre os agradáveis e floridos dias de primavera, e como não consigo escapar do fácil recurso de falar sobre o tempo, não tem como fugir, literalmente, da chegada de verão em Madrid.
A cidade ferve, também literalmente. Imagine um calor de 40 graus. Agora imagine este mesmo calor numa cidade com umidade mínima e nenhuma praia, nem cachoeira ou laguinho pra molhar os pés (ok, há chafarizes), o que, para uma carioca, é essencial em um fim de semana com dias de sol, que aparece quase todos os dias em Madrid.
Confesso que um ou outro dia me bateu uma certa angústia e sensação de sufocamento por não ter uma praia por perto, mas tô longe de reclamar do calor que se instalou definitivamente em Madrid. É so lembrar de como eu sofri debaixo de duas calças e cinco casacos há alguns meses e já me sinto no paraíso, mesmo que um paraíso sem praia nem ar condicionado. Tudo bem, tem as piscinas (amanhã vou em uma na casa de uma amiga, iupiii) e os tais chafarizes, em volta dos quais já disfrutei de agradáveis noites com boas conversas e música ao vivo.
Agora mesmo estou aqui na sala curtindo a brisa que entra da minha varanda, um dos pequenos prazeres da vida sobre os quais minha mãe acaba de me escrever, depois de eu ligar pra ela ontem à noite meio tristonha.
A noite, aliás, é efervescente em Madrid, em todos os sentidos. O primeiro, o óbvio, das pessoas, de todos os tipos e todas as idades, na rua durante toda a madrugada. Tudo bem que não curto muito esses botellones que a galera adora fazer aqui em Madrid (hábito de beber cerveja em garrafa com os amigos sentado em qualquer meio fio e que inclui meninas mega produzidas mas esparramadas no chão, falar alto e deixar a calçada bem emporcalhada), mas já escrevi aqui como amo as noite de verão. Ontem, por exemplo, peguei um ônibus noturno as 2h30 pra encontrar os amigos do master num bar, sem qualquer outra preocupação que não fosse encontrar o tal bar. Já hoje é o dia da Parada Gay em Madrid, que vai acontecer na Gran Vía, aqui perto da minha casa, e se estenderá por Chueca, o bairro gay e modernex da cidade.
Purpurinas à parte, o que também faz a noite de Madrid brilhar é a luz que vem da lua maravilhosa daqui e dos prédios clássicos como o Palácio Real, iluminados durante toda a madrugada. Incomparável, e só de olhar para essa iluminação, a da lua, a dos prédios e a do rosto das pessoas, já faz tudo valer a pena!
Bom, então tá registrado - aqui e nos jornais e telejornais espanhóis, que hoje destacam as praias lotadas na Andalucia e na Galícia, além dos casos de gripe suína, da queda no desemprego e do fechamento de uma central nuclear espanhola - e nas vitrines que anunciam as "rebajas": o verão chegou em Madrid. Por fin!!!

terça-feira, 16 de junho de 2009

Do bar árabe ao brasileiro em 24 horas. Brigada, meu anjinho

Sabe essas histórias loucas do tipo uma reviravolta em 24 horas, uma pessoa que vira seu melhor amigo em duas horas e ficar até as 6h na rua vagando pela noite? Nunca acontece comigo. A minha prudência e os meus pés fincados no chão não permitem.
Não permitiam, ou melhor, não permitiram entre a noite de sexta e de sábado passados, período em que fui da biblioteca pro bar para trabalhar, fiz uma amizade no meio do caminho, briguei com o dono do bar, saí de lá pra (espero) nunca mais voltar, varei a madrugada madrilenha conversando com o novo amigo, fui a uma procissão na manhã de sábado, fiz uma sessão de fotos (como fotógrafa, claro), fui a uma entrevista e consegui um novo emprego.
Ok, agora explico com a minha tradicional calma e lentidão.
Como já contei antes, estava trabalhando em um bar árabe nos fins de semana. Não era bem a idéia romântica que eu tinha de trabalhar num café europeu, aonde as pessoas pediam um muffin com chocolate quente enquanto liam seus livros de sociologia com a mão o queixo e as pernas cruzadas sobre delicados banquinhos e ao som de uma música leve de fundo. Mas era uma grana, e só por isso já valia.
Valia, eu disse bem. Não foi pelo trabalho cansativo e braçal, pela concentração constante pra não derrubar nenhum copo, pela música horrível que penetrava nos mes sonhos mais profundos, por esfregar o chão e caminhar 15 minutos até o ponto de ônibus depois do expediente. Nada disso me faria sair correndo dali.
Mas os árabes começaram a encher o saco. Além de muito grossos e estúpidos, os dois ficavam no bar o tempo todo e me faziam exigências, cada qual a sua maneira, o tempo todo, do tipo obrigar um casal a se mudar de mesa, dar bronca num grupo de meninos que demorava a se decidir pela bebida e proibir a venda de chás orientais depois da meia-noite, mesmo que a pessoa tivesse ido até o bar unicamente para prová-los.
Embora a minha alma carioca quisesse mandá-los pra puta que os pariu o tempo todo, pratiquei minha paciência e fui levando. Até que um dia...
O dia era sexa-feira 12 de junho, e eu andava em direção ao bar procurando desesperadamente uns chineses que ficam na Puerta del Sol oferecendo massagens em um banquinho, pra aliviar a tensão nas costas. Não achei, então fui caminhando tranquilamente até que, do nada, decidi entrar num café, que tocava Jorge Drexler, um cantor uruguaio que eu adoro. Que coincidência, pensei, pouco antes de o garçom do lugar me perguntar, do nada, se eu era brasileira. Que coincidencia, repeti, agora em voz alta, quando ele me falou que teve a sensação que o próximo cliente a entrar seria brasileiro, pra traduzir um poema em português do Chico Buarque que ele tinha nas mãos.
Depois de traduzir uma parte, disse que se desse tempo voltava lá porque trabalhava ali em frente, apontado qual era o bar. Fiquei pensando naquela coincidencia durante a jornada de trabalho, mais uma vez estressante, até que, quase no final, o tal do garçom me aparece lá, dizendo que me esperaria sair.
Um dos árabes, que já tinha demonstrado umas pontas de ciúmes sempre que eu conversava com qualquer pessoa do sexo masculino - o que estava me deixando seriamente preocuapada - olhou com cara feia e aí pronto, foi o que faltava. Ele ficou puto ao perguntar se o garoto era meu amigo e descobrir que eu o tinha conhecido naquela noite, começou uma discussão, os argentinos que trabalham, e que já tinham me alertado sobre a incompatibilidade do nosso sangue latino com o deles, lá levantaram, enfim, armou-se um circo.
Aí sabe aquelas cenas de filme que congelam e um personagem fica de fora analisando? Foi exatamente assim que me senti. Pensei: não, peraí gente, O QUE QUE É ISSO? que lugar é esse??? socorro.
Resumindo, já que isso tá virando capítulo de livro, saí de lá naquela sexta pra nunca mais voltar, e quando coloquei o pé pra fora lá estava o tal do garçom me esperando. Se desculpou e disse: acho que te arrumei um problema. Eu olhei e disse: não, acho que você me tirou de um problema.
Depois de ficarmos até as 6h conversando (sim, conversando) na Puerta del Sol sobre as coisas mais loucas como se fossemos amigos desde o Jardim II - o que foi aos poucos me despindo da energia pesada do bar árabe - nos despedimos e eu voltei pra casa, tomei um banho, deitei na cama e pensei: obrigado, meu anjo da guarda, por enviar alguém pra me tirar dos caminhos errados e me colocar nos bons.
Acordei tarde no dia seguinte, 13 de junho, mas a tempo de ir na Igreja de Santo Antonio em homenagem ao dia dele (não, não fui pedir marido). Depois de também agradecer e tirar fotos da comemoração, fui num restaurante brasileiro perto da minha casa onde havia deixado um currículo há tempos e que agora, justo agora, precisavam de um extra.
Saí de lá com um novo trabalho - agora entre brasileiros, pães de queijo, feijoada, aipim, cajuzinho, DVD do Paulinho da Viola - mas, principalmente, muito feliz com a sensação, a mais forte que já senti, da proteção e das mãos que constantemente se estendem a mim.

Bom, pra amenizar, umas fotos da procissão de Santo Antônio:

Mocinhas fantasiadas na procissão


"Meninas" na fila da tradição do alfinete (elas colocam a mão no bolo de alfinete e o número de alfinetes que grudarem na mão, diz-se, é o número de maridos que a moça terá)


Casal na igreja de Santo Antônio

terça-feira, 9 de junho de 2009

Eu, Luisa B., 26, jornalista, garçonete, estudante, dona de casa, assessora de imprensa de ONG, imigrante e candidata a doutoranda

Tá, todo mundo é um pouco de tudo na vida, mas acho que eu nunca tinha sido tanta coisa ao mesmo tempo. Me dei conta disso a caminho da aula numa tarde em que tava me sentindo meio tonta. No mesmo dia, contabilizava uma entrevista de (sub)emprego, outra para um estágio, uma pesquisa na biblioteca para um trabalho do master, uma entrevista (agora como entrevistadora) para uma reportagem e a entrega de uma documentação pra um programa de doutorado.
Por coincidência, ou não, topei nesse mesmo dia com um artigo do New York Times dizendo justamente como fazíamos tanta coisa que não prestávamos atenção verdadeiramente em nada. Pareceu um recado pra mim.
Agora explico um pouco o título: Depois de semanas distribuindo currículos pela cidade, comecei a trabalhar nos fins de semana num bar árabe(sim, eu já quebrei um copo), no maior estilo "mil e uma noites", com mesinhas e banquinhos baixos, luz fraca, música ambiente e muita narguila, aquele fumo árabe. A galera fica lá no maior relax, enquanto eu corro pra lá e pra cá até as 3h30, quando paro pra fazer a faxina final. Depois de uns 15 minutos de caminhada até o ponto de ônibus noturno e de um bom banho pra tirar o cheiro da narguila, eu caio dura na cama lá pras 6h!
Ao mesmo tempo, estamos na reta final das aulas do master, com entrega de trabalhos semanais. A partir de julho, entro na fase "prática", uma espécie de estágio que eu vou cumprir numa ONG de meio ambiente até o fim de julho, quando então finalizo o processo de inscrição pra um doutorado.
Isso tudo pra não falar de uma atividade que tem tomado muito o meu tempo: procurar passagens baratas nas companhias "low cost". Gente, é um vício, cada vez que você entra no site as passagens tão mais baratas. Hoje mesmo eu encontrei três por 1 euro. Sim, disse 1 euro.
Mas mesmo toda essa agenda de "compromissos" não faz frente a essa rotina louca de trabalho que temos no Brasil. Ainda consigo fazer almoço e comê-lo tranquilamente (lembre-se que estou no país da siesta), dar uma corrida de manhã e enrolar bastaaaante na cama. E quando estamos fora do prazo de entrega de trabalhos, ainda dá pra passear por aí e aproveitar as dezenas de opções culturais que rolam pelas ruas de Madrid. Seguem fotos das que eu fui esse domingo:


Estréia de um filme de Bollywood (a Hollywood da India) numa praça de Lavapiés, o bairro tradicional de imigrantes. Reparem na construção ao fundo.


Eu e Bia no Starbucks depois de uma "maratona" pela Photo España, uma mega exposição de fotos em vários museus e centros culturais da cidade.


Dança indiana na rua.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Ai que calor ô ô...


...e não foi (só) porque eu vi o Rafael Nadal de pertíssimo não! O tempo realmente foi camarada e me presenteou com dias de 30 graus essa semana.
Pela primeira vez no ano, eu suei! Tudo bem que fiquei andando pra lá e pra cá nesta semana, para cobrir a visita da comissão do COI aqui em Madri, a mesma que estava no Rio, pra avaliar a candidatura de ambas pros Jogos Olímpicos 2016. A visita terminou hoje, depois de um almoço no Palácio Real com os reis da Espanha e espanhóis ilustres como o Rafa Nadal e um jogador do Real Madrid que nem me importa saber o nome.
Sim, o Rafa é lindo, e não, eu não almocei no Palácio Real, apenas fui cobrir e logo voltei pro hotel onde estava a comissão. Mas me lembrei dos bons tempos com papi e mami e decidi ir almoçar num restaurante que eu já namorava faz tempo uma bela massa.
Depois de sair correndo pra aula e voltar correndo pra bater a matéria, fui encontrar duas amigas em Lavapiés, um bairro tradicionalmente de imigrantes (muitos árabes e africanos), mas que tem uma vida noturna bem ativa. Na volta, a caminho do ponto de ônibus, embarquei num devaneio notívago, observando esse movimento absurdo de gente as 3h, do argentino tocando violão e o casal dançando flamenco na Puerta del Sol aos bandos de universitários com suas sacolinhas na mão.
Um p.s.: gente, eu tenho que falar dessas sacolinhas, é uma mania que eu acho horrível desse povo aqui. Eles compram umas bebidas vagabas nos "chinos" (como se chamam os mercadinhos daqui, dominados pela massa de chineses que vive em Madrid) e saem por aí com a tal bebida em sacolinhas, via de regra carregadas por pessoas que, ao mesmo tempo que estão mega produzidas, maquiadas, penteadas, não fazem a menor cerimônia de sentar no meio da rua e beber no gargalo.
Pode ser uma visão elitista ou quadrada, mas custa sentar num barzinho e pedir um chope?
De qualquer forma, é só uma implicância (talvez um início de saudade...) boba, nada que me tire o sono. O que tem mesmo me tirado o sono são uns cheiros estranhos que às vezes rola pela minha casa (o que fica para um próximo post). Ah, e o Nadal! Ai, ai, que calor...

sexta-feira, 1 de maio de 2009

A gripe

Coisas de hipocondríaca: essa noite sonhei com um porquinho, e acordei com medo de ter contraído a gripe suína.
Isso porque na segunda-feira, depois de deixar minha irmã no aeroporto, resolvi tentar fazer matéria da tal epidemia daqui de Madrid. Fui até o terminal internacional e achei um vôo chegando do México. Quer dizer, eu e toda a imprensa madrilenha, que se aglomerava em torno dos passageiros. Como estava sem gravador, eu fui pra bem perto dos entrevistados para ouvi-los.
Pois bem, saí de lá feliz e contente com uma materinha na manga quando me dei conta: gente, eu fiquei muito perto desses passageiros! Ainda TOQUEI em um deles!!
Aí meu espírito hipocondríaco baixou com toda a força, e saí correndo pro banheiro pra lavar a mão um milhão de vezes.
Quando cheguei em casa de noite, depois da aula, tomei banho e coloquei toda a minha roupa pra lavar antes mesmo de entrar no quarto. huahua.
Bom, aos primeiros sintomas, eu atravesso a rua e me interno, porque tem um hospital na frente do meu prédio.
Copio aqui a matéria que fiz no dia:
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Para barrar mais casos, Espanha faz mega operação no aeroporto de Barajas
Com luvas e máscaras, policiais cadastram e revistam passageiros de voos do México, e governo pede às companhias para isolar pessoas com sintomas ainda no avião
LUISA BELCHIOR

Primeiro país europeu a confirmar um caso de gripe suína e a colocar em prática um plano de contenção da doença, a Espanha montou uma mega operação no aeroporto de Barajas, em Madrid, uma das principais portas de entrada da Europa. Até a conclusão desta edição o Ministério da Saúde espanhol informava haver 26 pessoas com suspeita de gripe suína dentro do país, além de um caso confirmado.
Em menos de dois dias, o Barajas se transformou em uma espécie de muro de contenção de possíveis casos da doença, com médicos de plantão, distribuição de folhetos para passageiros e de máscaras para todos os funcionários. Quem chega de voos do México é recebido por policiais com luvas e máscaras e submetido a um cadastramento com informações pessoais e de localização na Espanha, segundo relataram passageiros à Folha. Já os passageiros com sintomas da doença são isolados ainda no avião.
O esquema de segurança em Madrid, segundo contaram os viajantes, é mais rigoroso que o que foram submetidos no México. “Lá não tem máscaras, e, na verdade, a preocupação das pessoas é zero. Aqui o pessoal que nos recebeu e pegou nosso passaporte está de luvas e todo equipado. Pediram nosso endereço e nos deram um monte de instruções”, disse o vigilante Ivan Vásquez, 25, morador da região da Galícia que chegou na manhã de ontem do México.
O Ministério da Saúde espanhol alegou que o cadastramento se trata de “informação preventiva com o objetivo de identificar e localizar os passageiros em caso de que seja necessário”.
Ontem, o ministério informou que também pediu às companhias aéreas para que isolem passageiros que apresentem sintomas da doença em voos no território espanhol e
também informem em todos os aviões provindos de zonas com casos notificados da doença da necessidade de tomar medicamentos e consultar um médico.
“No nosso voo as aeromoças disseram que tinham umas pessoas com febre mas que já tinham sido examinadas. Mas estamos tranquilos”, contou o estudante Alejando Ortega, 22, que foi passar férias em Cancun e chegou ontem de volta à Madri.
Apesar das medidas, o clima no aeroporto de Barajas também era de tranquilidade. Na manhã de ontem, uma minoria dos funcionários trabalhava com máscara, segundo constatou a Folha em visita ao terminal 4, que recebe os voos internacionais de longa distância. O uso do aparato, segundo a assessoria de imprensa do aeroporto, é voluntário.
“Eles disseram para usar quem quisesse. Eu tenho um pouco de medo, mas não estou usando porque as aeromoças e o pessoal que trabalha perto dos aviões também não estão usando”, disse o funcionário de um balcão de informações do aeroporto.
Os folhetos sobre a gripe suína são distribuídos em duas versões: para quem viaja a “zonas afetadas pela gripe suína” e para quem chega de alguma delas. No primeiro caso, o ministério recomenda a todos os viajantes “cobrir o nariz e a boca com um pano ao tossir ou espirrar” e colocar o pano dentro de um saco plástico ao jogá-lo fora. Também pede que os passageiros não se desloquem muito se estiverem com sintomas da gripe.
O papel instrui os passageiros que regressam de áreas afetadas a monitorar o estado de saúde nos dez dias posteriores à chegada e, em qualquer suspeita, procurar um médico.
Fora do aeroporto, o governo também enviou protocolos de atuação nos casos de suspeita de gripe suína a todas as unidades públicas de saúde.
Apesar das medidas, a ministra da Saúde espanhola, Trinidad Jiménez, afirmou ontem que não há motivo para pânico.
“Neste momento não temos uma situação de emergência no nosso país, mas estamos trabalhando para nos antecipar, para atuar com prevenção sobre qualquer possível evolução dessa situação”, declarou Jiménez, em entrevista coletiva na qual anunciou o primeiro caso confirmado da doença na Europa.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

De volta

Quem sou, onde estou e para onde vou. Essa é a sensação que tenho depois de 24 intensos dias em que troquei a rotina de estudos e trabalho pela de viagem. Hoje estou sozinha pela primeira vez desde o dia 4de abril, quando meu pai e minha mãe chegaram aqui para uma viagem rumo a Portugal, Espanha, França e, principalmente, rumo a nós.
Hoje de manhã a minha irmã, que nos encontrou uma semana depois em Paris e ficou comigo em Madrid uma semana a mais, embarcou de volta pra França.
Caí no choro quando a mãoziha dela dando tchau desapareceu naquele mar de gente no aeroporto de Madrid, mas foi um choro bom, de felicidade, porque a viagem foi maravilhosa e a presença deles aqui me deu um empurrão - disse pros meus pais que eu até subi de classe social durante a estadia deles aqui. O difícil agora vai ser voltar pra classe proletária.
Bom, foram 24 dias de muita estrada, check in, conversas, risos, brigas, comida, bebida, malas e, principalmente, sonhos realizados. Vou dividir os relatos em blocos nos próximos posts. Por enquanto, uma sessão de fotos:

NA FRONTEIRA COM PORTUGAL


ALMOÇO EM PORTO


DEGUSTAÇÃO DE VINHO DO PORTO


A NOSSA CARROÇA, EM FARO, NO EXTREMO SUL DE PORTUGAL


EU E PAPI EM CÁDIZ, EXTREMO SUL DA ESPANHA, A CIDADE EUROPÉIA MAIS PRÓXIMA DA ÁFRICA


CÓRDOBA, A CAPITAL DO IMPÉRIO MOURO


NEM PRECISA DIZER ONDE


NO ALTO DA TORRE - O SONHO DA MINHA MÃE REALIZADO E UM VENTO DA P.. NA CARA


MOULIN ROUGE (Ok, tá muito turisticão, já vou mudar)


PRÓXIMA PARADA: BARCELONA!


ALMOCINHO NA MINHA VARANDA NUM PIT STOP EM MADRID


EU, BEL E A SERRA MADRILENHA

domingo, 5 de abril de 2009

Uma semana a gente estuda, a outra trabalha e na terceira tira férias...

...que bom se a nossa rotina fosse sempre assim né?
Depois de dias dedicados exclusivamente a fechar o segundo trabalho do master, entrei na semana passada com duas matérias para o Brasil engatilhadas, uma para a Vogue, que sai em junho, e outra para a Folha, que saiu hoje, sobre a reforma de lei do aborto aqui na Espanha (http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo/ft0504200907.htm - mando detalhes num próximo post, para não ficar grande).
Tinha planejado uma semana tranquila, para descansar e planejar a minha viagem de Semana Santa - aqui na Europa temos dez dias sem aula nesta época.
Mas, que bom, pintou esses dois "frilas", para entregar na quinta-feira. Junto disso, fui cobrir uma feira gourmet, o que embolou o meio de campo. Resultado: pela primeira vez desde que cheguei aqui, dormi menos de 8 horas, por várias noites seguidas.
Mesmo assim, valeu a pena. Foi uma semana muito boa e produtiva, que culminou no sábado com o que foi o melhor dia da minha viagem: PAPI E MAMI CHEGARAM NA EUROPA!!! iupiiiii.
A sensação de vê-los chegando no aeroporto é indescritível! Ontem e hoje fizemos um super tour por Madrid - museus, show de flamenco, caminhadas e mais caminhadas, praças, compras e etc. Eles adoraram, eu também, e até voltei a me sentir turista (o que quer dizer que admitir voltar a fazer umas comprinhas por aí...). Amanhã começamos uma viagem de carro.
Enquanto isso, segue uma fotinho dos dois por aqui, em frente ao Marco Zero de Madrid:

quinta-feira, 2 de abril de 2009

O despertar no metrô


"Despertar é renascer a cada dia"
Esta é a primeira frase de um poema com o qual eu topei nesta tarde quando estava no metrô - que tem em quase todos os carros cartazes com textos, contos ou o início de algum livro para estimular a leitura dos viajantes.
"Despertar é entrar em um sonho que já está em andamento"
Estas frases me disseram tanto que, antes de terminar o poema, puxei meu bloquinho da bolsa e tratei de anotar o nome para encontrá-lo depois. Estas frases me disseram do prazer de desperdar para a vida, para o presente que está aí todos os dias tentando nos dizer da maravilha de existir, de estar aqui em corpo e alma, para a batalha que já começou e está longe de terminar, mas sobretudo para criar, passo a passo, a nossa própria história, e, assim, só assim, construir nossa liberdade, nosso sentido de vida.
Reproduzo aqui o poema, de uma poeta espanhola que eu não conhecia, Maria Zambrano.
Em seguida, uma tradução livre:

Despertar es renacer cada día. Y ya la luz nos aguarda.
Ya está ahí comenzada, la historia que haya de proseguir.
Despertar es entrar en un sueño ya en marcha,
Venir desde el desierto puro del olvido y entrar, lo primero,
En nuestro propio cuerpo, recordarlo sin rencor,
Entrar a habitarlo y recuperar nuestra alma, con su memoria,
Y, nuestra vida, con su quehacer.
Entrar como en un capullo tejido por innumerables gusanos afanosos;
Retomar nuestro hilo en el capullo fabricado incasablemente por el gusano-hombre,
Hacedor de ensueños que se objetivan, fabricador de historia.

María Zambrano

EM PORTUGUÊS (TRADUÇÃO LIVRE):
Despertar é renascer a cada dia. E a luz já nos aguarda.
Ja está aí começada, a história que há de prosseguir.
Despertar é entrar em um sonho já em andamento,
Vir desde o deserto puro do esquecimento e entrar, primeiro,
no nosso próprio corpo, recordá-lo sem rancor,
Entrar a habitá-lo e recuperar nossa alma, com a sua memória,
E a nossa vida, com a sua ocupação.
Entrar como em um casulo tecido por inúmeras larvas que trabalham;
Retomar o nosso fio no casulo fabricado incasavelmente pelo homem-larva,
Creador de sonhos (ou fantasias) que se objetivam, fabricante de histórias.

sábado, 28 de março de 2009

Cuenca e os moinhos de vento


O novo e o antigo me encaram freqüentemente aqui na Espanha. A começar pela vista da minha varanda, onde uma igreja renascentista divide espaço com um mirador meio futurista (e meio brega, diga-se).
Mas isso me ocorreu na volta de uma viagem de ônibus que fiz a Cuenca, uma cidadezinha a duas horas de Madrid, na região de Castilla-La Mancha, no feriado que tivemos quinta passada.
Um moinho de vento que só fazia me lembrar a Dom Quixote (e ao resturante Cervantes de Copa hmmmm) deu lugar, alguns quilômetros depois, aos gigantescos moinhos geradores de energia eólica.
Não sei qual teve o maior impacto sobre mim: se o moinho antigo e solitário fincado em um pueblo (povoado) no meio de um descampado de Castilla-La Mancha, que me lembrava das lições de Dom Quixote, como a de viver seus sonhos, criar sua própria realidade, conquistar sua liberdade com o esforço do dia-a-dia, enxergar o melhor nas pessoas, etc. Ou se os moinhos brancos gigantes e enfileirados, onipotentes, nobres, que me apontavam o novo mundo, as novas possibilidades, as alternativas viáveis, etc.
Apesar de tão diferentes, os dois lados estão sempre ali, e não falo só dos moinhos: também do restaurante galego super tradicional que almocei hoje vizinho à cafeteria contemporânea do museu Reina Sofia, onde comi a sobremesa; do centro antigo de Madrid que fica em frente à parte nova da cidade, cheia de arranha-céus; das aulas de doutorado em Grécia Antiga que acontecem na sala ao lado da especialização em novas fontes de energia; do bairro tradicional de Chamberí perto do super moderno Chueca, e por aí vai.
É como se todos me dissessem que está tudo integrado, como as casas da cidade de Cuenca, construídas sobre, sob e entre as rochas características daquele povoado.
É como se me dissessem para nunca esquecer o passado maravilhoso e os passos do futuro, enquanto desfrutamos do caminho do presente.
Agradeci, fechei os olhos e acordei em Madrid. Um presente.
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Agora, as fotos de Cuenca!

Cuenca é uma cidadezinha pequena - tão pequena que chegamos lá as 14h e adiantamos nossa volta das 20h pras 18h porque já tínhamos visto tudo huaahuahuahau -no meio de rochas. Tem os prédios cheios de cores fortes, ao contrário da maioria das cidades monocromáticas da Espanha. Aqui, alguns desses prédios na Plaza Mayor:


Aliane e José e a igreja da Plaza Mayor:

Vista geral da cidade:


Uma casa tão integrada às rochas que se confunde com elas:


Eu em frente à casa "colgada", que parece estar pendurada nas rochas:

Ó eu aqui mãe!

domingo, 22 de março de 2009

É primavera

A primavera chegou oficialmente ontem aqui na Europa, mas, como já contei, há umas boas semanas que as temperaturas estão cada vez mais amenas e o sol, cada vez mais forte.
Como ficar lendo coisas sobre o clima é chato,segue uma sessão de fotos do picnic que fiz hoje com a Paz e os amigos dela neste domingo e, em seguida, do almoço na varanda de casa domingo passado:
Fizemos o picnic no jardim do Templo de Debod, um templo egípcio dado à Espanha na década de 70 por agradecimento à ajuda em uma busca arqueológica no Egito
O picnic é um programa muito comum por aqui quando o sol começa a sair. Minha tia que morou em Nova York disse que o mesmo passa por lá. As pessoas levam pros parques um monte de comida e bebida - que, no caso da Espanha, costuma ser tortillas e saladas feitas em casa, empanadas de atum (um pastel de forno) ou sanduíches de lula ou presunto ibérico comprados pela rua. Colocam uma toalha ou nem isso na grama e fazem uma bela farofada.
Um delicioso almoço de domingo na varanda...
...que se transformou em show de flamenco...
...e, logo, em festinha com música e vinho.

Amanhã conto e mostro fotos da viagem que fiz na quinta-feira.