quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Mistura


Outro dia, conversava com uma amiga polaca sobre seu noivo peruano, ao lado de uma paraguaia que casou com um espanhol, uma alemã que cresceu no Paraguai e de uma equatoriana cujo pai tem nacionalidade espanhola, quando percebi que eu, que me orgulho de vir do país da mistura racial, nunca tinha visto tanta gente diferente em um só lugar antes de vir à Espanha.
Ok, não é uma comparação muito legítima, a da Espanha com o Brasil, já que nós temos séculos de experiência no cruzamento de portugueses, índios, negros e quem mais se achegar.
Na Espanha, por outro lado, a mestiçagem é muito nova, porque aqui, ao contrário de muitos países europeus, a imigração é recente, coisa dos anos 90 pra cá, e, por isso, essa mistureba de gente também.
Talvez ainda não tenha alcançado sequer a segunda geração. Mas, pelo que se vê nas ruas, já é uma das grandes características da cidade.
E eu adoro sair na rua e ver rosto de tudo quanto é tipo, dos africanos com a pele brilhante de tão negra à transparência dos europeus do norte que passeiam por aqui, dos chineses que se apoderaram do pequeno comércio da cidade aos romenos que chegaram em massa depois de entrar na União Europeia, dos marroquinos que vendem DVDs piratas aos músicos latinos que poetizam a rotina com shows improvisados no metrô.
É no metrô, aliás, onde melhor se pode atestar essa mistura. Sempre que entro no vagão trato de olhar para os lados e não dá outra: é chinês sentado junto de peruano, do lado da poloca, de frente pro espanhol, que tenta entender o inglês da conversa das estudantes americanas.
E, claro, há sempre um grupinho de brasileiros fofocando, enquanto eu trato de ouvir tudo, dissimulando com a minha cara de não brasileira, fruto também de uma boa mistura!
p.s.: a foto que ilustra este post foi tirada no parque do Retiro, aqui em Madri.