quinta-feira, 30 de julho de 2009

Homeless

Lembra o "apartamento perfeito " que tinha encontrado lá atrás? Pois bem, amanha vou deixá-lo de mala(s) e cuia(s). Por nenhum motivo específico se nao o de que o contrato estabelecia entregar as chaves no dia 31 de julho - uma data que, lá nos idos de janeiro, me parecia muito longe de chegar.
Mas tá chegando, o que justifica a falta de "til" nesse texto. Explico: a internet lá de casa já foi bloqueada, e por isso esta semana tenho que encarar essa cadeira dura da biblioteca para entrar no computador. Porque o meu já está devidamente empacotado, junto a outros tantos trecos (é incrível a nossa capacidade de juntar trecos, e mais ainda, de nao conseguir jogá-los fora) empilhados no meu quarto e cujo destino..er..hum..ainda é incerto.
Esta tarde é a vez dos pôsteres, casacos e calças saírem das paredes e dos armários rumo às quatro malas que, temo, serao muito pequenas para tudo. Aos poucos meu quarto, meu espacinho nesses seis meses de Espanha, vai se desfazendo, embora na minha memória ficará intacto para sempre.
A partir de domingo, uma nova fase. Sexta e sábado sao hiatos que ainda nao resolvi como preencher. O pior é que nem existem pontes aqui em Madrid pra eu dormir debaixo.
Há seis meses escrevi sobre a mudança para o apê em um texto que intitulei "Céu e teto". Amanha deixarei esse teto em busca de um novo, mas o mais incrível é que o céu, uma das maiores qualidades de Madrid, esse sim continua o mesmo, com um azul quase fluorescente de tao forte e a lua como que boiando sobre ele.
E já aprendi: quando bate a saudade, a incerteza e outras sensaçoes chatinhas, é só olhar pra cima e na hora me lembro desse presente, o céu de Madrid - só por ele valeu a pena ter vindo! Daí o teto vira o de menos...
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Enquanto procuro teto, vou deixá-los com notas das últimas duas semanas, que começaram com um emprego de 10 horas diárias numa sorveteria e terminaram em Barcelona e Costa Brava, passando, pra variar, por um monte de confusoes. Aguardem os próximos capítulos!

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Madrid ferve. E brilha

Como já escrevi sobre os graus negativos de quando cheguei na Espanha e sobre os agradáveis e floridos dias de primavera, e como não consigo escapar do fácil recurso de falar sobre o tempo, não tem como fugir, literalmente, da chegada de verão em Madrid.
A cidade ferve, também literalmente. Imagine um calor de 40 graus. Agora imagine este mesmo calor numa cidade com umidade mínima e nenhuma praia, nem cachoeira ou laguinho pra molhar os pés (ok, há chafarizes), o que, para uma carioca, é essencial em um fim de semana com dias de sol, que aparece quase todos os dias em Madrid.
Confesso que um ou outro dia me bateu uma certa angústia e sensação de sufocamento por não ter uma praia por perto, mas tô longe de reclamar do calor que se instalou definitivamente em Madrid. É so lembrar de como eu sofri debaixo de duas calças e cinco casacos há alguns meses e já me sinto no paraíso, mesmo que um paraíso sem praia nem ar condicionado. Tudo bem, tem as piscinas (amanhã vou em uma na casa de uma amiga, iupiii) e os tais chafarizes, em volta dos quais já disfrutei de agradáveis noites com boas conversas e música ao vivo.
Agora mesmo estou aqui na sala curtindo a brisa que entra da minha varanda, um dos pequenos prazeres da vida sobre os quais minha mãe acaba de me escrever, depois de eu ligar pra ela ontem à noite meio tristonha.
A noite, aliás, é efervescente em Madrid, em todos os sentidos. O primeiro, o óbvio, das pessoas, de todos os tipos e todas as idades, na rua durante toda a madrugada. Tudo bem que não curto muito esses botellones que a galera adora fazer aqui em Madrid (hábito de beber cerveja em garrafa com os amigos sentado em qualquer meio fio e que inclui meninas mega produzidas mas esparramadas no chão, falar alto e deixar a calçada bem emporcalhada), mas já escrevi aqui como amo as noite de verão. Ontem, por exemplo, peguei um ônibus noturno as 2h30 pra encontrar os amigos do master num bar, sem qualquer outra preocupação que não fosse encontrar o tal bar. Já hoje é o dia da Parada Gay em Madrid, que vai acontecer na Gran Vía, aqui perto da minha casa, e se estenderá por Chueca, o bairro gay e modernex da cidade.
Purpurinas à parte, o que também faz a noite de Madrid brilhar é a luz que vem da lua maravilhosa daqui e dos prédios clássicos como o Palácio Real, iluminados durante toda a madrugada. Incomparável, e só de olhar para essa iluminação, a da lua, a dos prédios e a do rosto das pessoas, já faz tudo valer a pena!
Bom, então tá registrado - aqui e nos jornais e telejornais espanhóis, que hoje destacam as praias lotadas na Andalucia e na Galícia, além dos casos de gripe suína, da queda no desemprego e do fechamento de uma central nuclear espanhola - e nas vitrines que anunciam as "rebajas": o verão chegou em Madrid. Por fin!!!