domingo, 22 de fevereiro de 2009

Carnaval e Oscar, en passant pela Espanha

Muito se fala e pouco se mostra aqui na Espanha neste fim de semana de carnaval e Oscar, e isso vale pra esses dois eventos que coincidiram neste ano.
No caso do Oscar, nenhum canal da convalecida TV aberta espanhola está exibindo a cerimônia. A Penélope Cruz acaba de ganhar a estatueta - a primeira de uma atriz espanhola - e a Espanha vibra. Ao menos nos sites e em um canal de TV, que o anunciam com destaque. Já nas ruas, não ouvi nenhum sinal de grito da varanda. Provavelmente porque, além da questão da TV, já passa das 3h aqui na Espanha.
Também super anunciado pela prefeitura de Madrid, o carnaval não deu muito as caras. Os dois mais famosos da Espanha acontecem em Tenerife (que faz o estilo Sambódromo) e Cádiz (parecido com o carnaval de rua do Rio). Em Madrid, o estilo é mais low profile: teve alguns desfiles nas ruas e, na noite de sexta e de sábado, gente fantasiada e mascarada, mas carnaval mesmo que é bom, quase nada.
E eu quase caí numa suposta mega furada: um desfile de um bloco brasileiro no sábado, que, segundo me contaram, é uma zona e farofada pura.
Então tá: neste fim-de-semana de Oscar e carnaval, a minha "folia" foi passar horas na frente da "telona" do laptop fazendo dois trabalhos a entregar amanhã no mestrado. E, da parte de vocês, sei que os cinéfilos ou preguiçosos que não tão acompanhando o Oscar ou o desfile da Sapucaí certamente pulam alegres e bêbados pelas ruas do Rio, Salvador ou qualquer outro canto com um digno carnaval.
Tudo bem. Quem mandou viajar antes do carnaval.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Um mês

Sinto que aos poucos vou perdendo o olhar do estrangeiro, aquele que enxerga em uma cidade o que os nativos já não conseguem perceber nela. Essa foi a sensação que eu tive ao refletir sobre o meu primeiro mês aqui, completos hoje!
Percebi isso ao lembrar das impressões na primeira semana - foi preciso dividi-las em cinco posts!
Mas tenho tentando praticar esse olhar mais lento (o que pra mim não é difícil!), do flaneur, que repara nos movimentos, nos prédios, nas pessoas. Até porque não gosto de perder o "olhar do estrangeiro" nem na minha própria cidade.
E acho que fiz esse exercício neste fim de semana: no domingo, depois de uma visita à exposição da Tarsila do Amaral em cartaz aqui em Madrid, fui com a Paz, uma das minhas companheiras de apartamento, para a Plaza Mayor, a principal de Madrid, onde nos estiramos no chão e comemos um delicioso bocadillo de calamares (em bom português: sanduíche de anéis lula a milanesa. hmmmmmmmm!).
Ficamos por ali um bom tempo conversando sobre a arte brasileira, pela qual a Paz é apaixonada, e aproveitando o quarto belo dia de sol consecutivo.
Depois, caminhamos até o Palácio Real, parando em frente à prédios com arquiteturas bem particulares, ruas charmosas, jardins e etc, até chegar de volta ao nosso prédio, por volta das 17h30.
Já no sábado coloquei pela primeira vez um "outfit" de esporte e fui caminhar pelo bairro, aproveitando também para conhecê-lo melhor. E, de noite, depois de bailar salsa num bar cubano, conheci a explosão de gente na noite em Madrid: o metrô por volta da meia-noite lembra o de São Paulo na hora do rush, e, às 4h30, o terminal de ônibus noturnos (o metrô não funciona de madrugada) mais parece a Leopoldina nas sextas-feiras.
Ok, estou exagerando, mas isso mostra que ainda não perdi o tal olhar do estrangeiro!
Ah, e segue uma foto pra dar uma ilustrada neste espaço:

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Livre

(conversa minha comigo depois de un buen vino)
- Que frio, vamos botar o casaco extra que tá na bolsa
- Nada...tá uma delícia
- Estamos chegando em casa, será que dormimos agora ou esperamos pra fazer a digestão?
- Nao sei, mas olha todas essas pessoas na rua a essa hora. E esse céu!
- Você tá sentindo fome?
- Não
- Dor no estômago?
- Não
- Como você está se sentindo?
- (...) livre

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

O primeiro trabalho-furada

Passei nesta semana por uma experiência que, por vergonha, não contaria pra ninguém, se não fosse tão engraçada:
Uma pessoa me ligou na segunda-feira chamando para um casting de um programa de TV. Não entendi bem o que era mas, no afã por encontrar algum trabalho e pressionada pela atendente da polícia estrangeira, que queria me expulsar por estar falando no celular, aceitei de cara.
No dia seguinte, lá fui eu maquiada e de escova no cabelo participar do tal teste. Antes me entregaram um formulário enorme pra preencher, e tudo ia bem até eu virar a primeira página e me deparar com perguntas tipo "você iria a um encontro às cegas?", "qual foi seu melhor encontro? E o pior?". Daqui a pouco vem uma mulher e me pergunta: "você já conhece os meninos?". Meninos? Como assim? Disse que não, mas logo percebi que as colegas que aguardavam para fazer o teste pareciam conhecê-los bem. Diziam umas para as outroas: "ah, eu gosto daquele louro", "já eu prefiro o Fernando".
Pra confirmar o óbvio, perguntei pra uma delas de que se tratava o programa, e ela disse: "você não conhece? é o Hombres y Mujeres". Pelo que ela me explicou, é uma espécia de "Fica comigo", da Fernanda Lima, sendo que nós seríamos as candidatas a beijar os garotos.
huahauauhahuhauauhauhahuauhuahau. Só eu mesmo pra me meter numa dessas.
Pensei em sair correndo dali na hora, depois achei que seria interessante fazer o teste e ver que tal eu me saía nas gravações. Mas retomei o meu senso do ridículo e decidi pela via diplomática: chamei a coordenadora e disse que havia entendido que a selação era pra ficar na platéia, e ela disse que "no pasa nada".
Guardei o questionário de recordação, mas também por precauçao. Imagina se um dia eu viro famosa e alguém descobre isso, que mico...
(não contem pra ninguém!)

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

"Por supuesto que o arroz empapou" e "essa vida de imigrante"

Como havia dito, cozinhei pela primeira vez - tirando miojo, ovo mexido e massa - na semana passada, quando me mudei. As primeiras vítimas foram fatias de filé de frango, mas, como isso não tem muito mistério, elas saíram ilesas. Quem ficou bem lesado mesmo foram os grãozinhos de arroz, que, coitados, acabaram completamente grudados - ideal para um sushi! - e viraram uma grande pasta branca.
Pois é, eu disse branca, o que significa que não eram integrais, como eu costumo comer em casa. Isso porque o arroz integral tá pelos olhos da cara por aqui, e eu, apertando o orçamento, já que ainda não consegui nenhum trabalho.
Hoje de manhã, aliás, fui até a polícia estrangeira tentar agilizar a retirada da carteira de residente que o governo dá a quem tem visto de estudante e com o qual nos é permitido trabalhar. Depois de duas filas, dois "lo siento (sinto muito)" e de olhar para os dezenas de imigrantes - indianos, chineses, latinos, europeus do leste e etc - e tentar imaginar o que os levou para a Espanha, saí de lá quase chorando. Fiquei angustiada por não estar trabalhando - acho que a escravidão do jornalismo me viciou em trabalho - com receio do dinheiro acabar e esse tipo de coisa.
Fiquei por alguns minutos brigando comigo mesmo, tentando barrar esse sentimento e pensando nos estudos, na cidade e etc enquanto caminhava pro metrô, num dia que estava indeciso como eu - não sabia se fazia sol ou se chovia.
Saí do metrô e, coincidência ou não, topei com um brasileiro que trabalha aqui pra ONU e está procurando um curso que a mesma área da minha. Conversamos sobre como ele também está adorando Madrid e fui almoçar no Maoz, uma rede de falafel e saladinhas muito boa (o que aliás, me dá o gancho para anunciar que vêm por aí sessões de fotos de comida, que eu adoro fazer!).
Depois de encher a pança, assistir a uma aula muito boa com um correspondente de guerra do El Mundo e ouvir as sábias palavras de mami, recarreguei o ânimo, e amanhã parto para a segunda batalha com o arroz (agora com dicas de mami) e com os entraves dessa vida de imigrante!

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Fotos

Depois de três dias sem rede, consegui na noite de ontem conectar meu laptop ao wifi aqui do apartamento. Então, como prometido, segue a sessão de fotos:
*
*
*
*
*

(Sala e varanda)


(Meu quarto)


(vista da varanda)

Mudança(s)

Terminei na noite de ontem a mudança pro novo apartamento - cujas imagens nao consigo mostrar por problemas técnicos no meu laptop. Vamos entao fazer um esforço de imaginaçao e tento mandar fotos amanha!
To adorando o apartamento. É grande, bem equipado - tem até microondas, ferro de passar e balança no banheiro huahua - e com uma varandinha simpática. Tem cinco quartos e, logo, cinco pessoas morando nele - três espanholas e uma americana. Isso tirando as visitas - ontem, por exemplo, alguns americanos amigos de menina dos Estados Unidos passaram a noite por lá.
Como eu nao tenho dormindo antes das 2h, o barulho nao me atrapalhou. Coloquei uma música e comecei a fase de decoraçao do meu quarto, o que até agora se traduz em algumas fotos coladas na parede. Nessas horas me lembro quanta coisa eu tenho guardada em casa e que serviria muito por aqui, como pôsteres, caixinhas e afins.
Este é só um exemplo da migraçao de classe social que estou fazendo. Um outro exemplo, que já comecei a colocar em prática, é comparar preços em supermercados. Perto da minha casa tem dois, um bem barateiro e outro melhor e, logo mais caro. Mas há outros pela área, e ontem comecei a percorrê-los com uma listinha na mao e anotando os preços das coisas que eu quero comprar. Me senti a própria presidente de associaçao das donas de casa!
Se bem que, nos últimos dois dias, despertei mesmo meu lado dona de casa: já lavei roupa nao sei quantas vezes, fiz faxina geral no quarto, limpei estantes, sacudi o colchao e...cozinhei, o que também merece um post à parte. Justificativa: sim, eu fiz arroz pela primeira vez na vida. Que mudança nao?

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Neve!!!


Hoje acordei, olhei pela janela que fica em cima da minha cabeça e me deparei com essa imagem. Vários flocos grossos de neve caíam sobre o jardim, que já estava branquinho.
A neve acabou com planos de voltar ao El Rastro, o mercado de pulgas à ceu aberto, mas não desanimei. Fui fazer um passeio no Paseo del Prado e no Museu do Prado, pra lembrar que eu tb sou turista. Aproveitei e fiz umas fotos da neve, pra fins de registro.