quarta-feira, 21 de julho de 2010

Tempo

Na noite do último dia 16 sonhei com meus amigos da escola, acordei e me dei conta que no fim do ano completamos dez anos de formados.
Foi no mesmo dia 16 em que completei exatos 1 ano e sete meses desde o 16 de janeiro de 2009 em que vim a Madri, e outros nove meses desde o 16 de novembro em que comecei minha segunda fase aqui (sim, eu só viajo dia 16 hehe).
Claro que não é novidade nenhuma dizer que o tempo voa, mas...como o tempo voa!
Aqui em Madri, por exemplo, já entramos no alto verão, época de viajar, fazer piquenique à meia-noite, ir à piscina e..er..estudar, uma tarefa um pouco difícil nesses tempos. Mas, em defesa própria, digo que tenho trabalhado muito também, o que tem me tomado mais tempo, esse que insiste em voar, até aqui no Velho Continente.

sábado, 3 de julho de 2010

Repetições e novidades


Depois de um ano e meio morando em Madri, entrei na fase da repetição. Começo a ver outra vez os mesmos eventos do ano passado: a parada gay, que acontece hoje e sobre a qual escrevi ano passado, a procissão de Santo Antônio, o torneio de tênis de Madri, as liquidações de inverno e de verão e por aí vai.
Mas nesta semana vi uma cena que não só foi inédita para mim como também uma das mais bonitas que presenciei neste ano e meio: uma tuna, um grupo de universitários que fazem serenatas vestindo e tocando tal qual no século XV.
Sim, em pleno século XXI e em plena metrópole europeia ainda existem jovens que fazem serenatas. E meninas que vão para a janela escutá-las, como as da que vi esta semana.
A tuna é uma tradição ainda forte na Espanha. É formada por jovens universitários de uma mesma faculdade que, com instrumentos como pandeiro, acordeon e variações do violão e violoncelo, e vestidos com trajes antigos, tocam e cantam, em altos agudos, músicas do folclore europeu e iberoamericano (sim, existe folclore também por aqui).
Foi com essa tradição que me deparei as 22h30 de uma quinta-feira, quando caminhava pelas ruelas do boêmio bairro de Malasaña em direção a um bar. Lá estavam eles, os universitários, no meio da rua, no meio da noite quente, e em meio a moradores e pedestres que pararam para apreciar e cantavam juntos algumas das belíssimas músicas - "é que eu também fui ´tuneiro´ na faculdade", me contava um senhorzinho que sabia todas as canções.
Mas a verdadeira plateia era o grupinho de meninas do quinto andar do prédio, que, com cigarros, chales flamencos e o mesmo ar blasé das moças de outrora, assistiam à apresentação de seus admiradores, que, além de cantar e tocar, dançavam passos tímidos mas coordenados de um lado para o outro.
Foi pra mim um legítimo show, mesmo que sem palco, sem ingressos, sem técnicos de som e luz e no meio da rua, este que é o verdadeiro palco da vida madrilenha.
Foi um momento para o qual espero repetições.