quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Tô com frio.com

Segunda-feira. 7h15. -3ºC. Neve. Nenhum sinal do amanhecer.
Quinze minutos atrás estava debaixo de três cobertores e dentro da calefação do meu quarto, curtindo aquela deliciosa sensação de dormir quentinha numa manhã de inverno. Mas tinha conseguido um bico de recepcionista, que começava 8h da madrugada.
Madrugada mesmo, porque só começa a clarear lá pras 8h30.
Então dá pra imaginar o breu que tava quando saí de casa.
Mas fui logo despertada por um quase mega tombo que levo ainda na portaria do prédio, por causa da pista de patinação na qual o chão tinha se transformado com o gelo da madrugada. Nem internet, nem tv, nem radinho de pilha: esse foi o meu modo de descobrir a nevasca que começava a atingir toda a Europa.
Sei que foi um caos, atrasou voos, ficou tudo congelado e tal. Mas foi tão lindo olhar pra cima depois de me refazer do escorregão e ver a rua toda branquinha! Dá outra cara pro frio, que na semana passada chegou com tudo por aqui.
Hoje e ontem o tempo deu uma aliviada boa, o suficiente pra eu perceber como o meu humor é afetado pelo nível de frio que sinto. Quandos os termômetros baixam a -3ºC ou meus pés começam a congelar, me bate uma vontade louca de sair correndo pro aeroporto, trocar minha passagem de volta para amanhã e curtir o Natal como ele deve ser: na casa da vovó, com farofa de ameixa, rabanada e, oras, muito calor.
Mas sem dramas. Além de ter a casa só pra mim, amanhã é dia de dismistificar o Natal, como me disse uma amiga: vou passá-lo numa daquelas festas com alguns amigos e muitos desconhecidos. Ah, e sob floquinhos de neve. Que frioooo

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Calle del Limón, número 1.

É o meu novo endereço. Não é uma fofura?
Mais ainda é o bairro, um intricado de ruelas e ladeiras com sacadas charmosinhas, restaurantes típicos, sebos, livrarias, mercado tradicional, bares e cafés aconchegantes e, um centro cultural e uma mega biblioteca municipal. Fica numa área um pouco elevada ao lado da Plaza de Espanha, uma das principais aqui de Madrid e marco inicial da Gran Via, a versão espanhola da Champs Elysée.
Eu já vinha namorando essa área antes de voltar pro Rio, mas só achava coisas caras. Até que achei um quartinho - dessa vez é quartinho, e não quartão - por um preço bem camarada. Marquei uma visita no dia que eu cheguei com os donos, um casal de velhinhos fofinhos - fofinhos no limite dos espanhóis, diga-se - e decidi baixar acamapamento por aqui mesmo.
Bom, chega de papo e vamos aos fatos, ou melhor, às fotos:

Apresentando...meu quarto:



A sala, apertadinha...


...e a cozinha, por sua vez bem espaçosa:


Agora vamos dar uma voltinha no bairro. Eis aí a minha rua.


E a rua do lado, com lojinhas como essa confeitaria...


...e esse café estiloso:


Nessa mesma rua, há alguns dos muitos restaurantes típicos da área: um chinês e um tailandês (na foto) - mas também tem um peruano, um mexicano, um cubano, um turco, um venezuelano, um árabe, um libanês, muitos orientais e vários outros que agora não me lembro. Pra não mencionar as lojinhas de alimentação com produtos latinos - yes, nos temos pão de queijo e farofa - e orientais - orientais de verdade, escritos em japonês e tudo, além de baratinhos.
No final da rua, pra completar, um mega achado: o Mercado de los Mostenses, uma espécie de Cobal com todas as frutas, verduras, peixes, frango, carne e embutidos que se imagina.


Essa é a rua debaixo, que dá na Plaza de Espanha e onde tem a academia que eu quero entrar desde o dia que cheguei (só falta me matricular!). Não é nenhuma Pro-Forma, mas custa menos que a terça parte dela, e tem aula de pilates, musculação e, principalmente, uma sauninha pra eu ir lá me descongelar de vez em quando.


Falando em congelar, hoje nevou pela primeira vez neste inverno. A rua tava linda, com os carros todos branquinhos (alguns enguiçados, mas isso é só um detalhe).
Tudo muito romântico até os meus pés começarem a congelar e assim ficarem pelo resto do dia. Sério, eles até fizeram aquele barulinho de choque térmico quando entrei no banho pelando ao voltar da aula. E do banho vim direto pra debaixo das três cobertas de lã - que seriam exagero se a calefação do meu quarto não resolvesse desligar sozinha - e onde estou até agora. To aqui reunindo forças pra ir até a cozinha esquentar um saco de água quente pra colocar no meu pé, que parecem trancados em um freezer.
Tento pensar que frio é psicológico e ignorar o fato de que ainda tenho mais dois meses de invernão, mas confesso que tem (vários) momentos que esse frio tira meu humor e que me dá uma vontaaaade de sair correndo pro aeroporto e trocar minha passagem de volta por 15 dias de calor do verão e da minha gente aí do Rio...
Deve ser coisa de Natal, que eu nunca passei longe da casa da vovó. Aliás, falando nele - o Natal - termino com uma fotinho da árvore que montaram aqui na Plaza de España, e que descongela um pouquinho minhas noites e dos pensamentos frios...
quem se solidarizou e quiser fazer uma visitinha, ja sabe o endereço - Calle del Limón, número 1!):

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Assentamento

O encanto de Madrid é misterioso. Não por ser uma cidade com ares místicos e lugares secretos - até porque não o é -, mas por te enganchar sem nenhum motivo aparente, sem obviedade. Ele, o motivo, aparece sutilmente quando você está andando na rua, ou vagando por aí.
Tão sutilmente que acho que tinha até me esquecido porque quis voltar. Ok, o curso de doutorado era o motivo principal, na carona das chances de continuar fazendo jornalismo freelance e de rever as amizades.
Mas as entrelinhas deste roteiro principal são como o encanto de Madrid: não se tira delas uma resposta direta, uma obviedade como a Paris da Torre Eiffel, dos museus, das baguetes e doces maravilhosos em cada "birosca" ali da esquina, do charme da cidade universitária onde fiquei hospedada há três semanas.
A resposta vem aos poucos...
Na semana passada, foi a vez de a minha irmã vir pra cá, e, ao contrário da minha estadia em Paris, com agenda cheia, por aqui faltava compromisso pra preencher os dias - há que se considerar também que ela já conhece todos os pontos turísticos que eu conseguia pensar.
Mas foi numa caminhada rumo à chocolateria San Ginés - que tem os churros com chocolate mais famosos de Madrid - que a tal resposta veio.
Foi essa:

A luz da lua cheia que rasgava as nuvens e completava a iluminação do prédio da prefeitura de Madrid (este que aparece na foto) e a decoração natalina já em toda a cidade foi a minha resposta. Não podia ser nada que não o céu de Madrid, que já me deu as boas vindas, me consolou, me parabenizou no meu aniversário, sorriu comigo e se despediu quando fui embora, que agora me daria essa resposta, ainda que, conscientemete, não a tivesse buscando.
Hoje passei o dia arrumando meu quarto depois de quase duas semanas só parando nele para dormir por causa de aulas, trabalhos, turismo e muitos encontros, e também para aproveitar que não tinha curso - muito puxado - e planos pra noite - também muito puxada(pro meu ritmo!).
Depois de baixar o acampamento (enorme, por sinal) e antes de fazer uma deliciosa tortilla española e devorá-la enquanto assistia a um documentário na TV Española sobre o El Bulli - do Ferran Adria, o melhor chef do mundo segundo não sei quem - plantei umas sementes de girassóis que tinha comprado em Paris, porque me lembrei da frase que veio no cartão que meus pais me deram a caminho do aeroporto: "se quiser ser feliz por toda vida, cultive um jardim".
P.s.: Nos próximos posts, fotos e detalhes do novo apartamento e do bairro e algumas dicas pra quem quer vir por essas bandas(com hospedagem garantida!).