quinta-feira, 23 de abril de 2009

De volta

Quem sou, onde estou e para onde vou. Essa é a sensação que tenho depois de 24 intensos dias em que troquei a rotina de estudos e trabalho pela de viagem. Hoje estou sozinha pela primeira vez desde o dia 4de abril, quando meu pai e minha mãe chegaram aqui para uma viagem rumo a Portugal, Espanha, França e, principalmente, rumo a nós.
Hoje de manhã a minha irmã, que nos encontrou uma semana depois em Paris e ficou comigo em Madrid uma semana a mais, embarcou de volta pra França.
Caí no choro quando a mãoziha dela dando tchau desapareceu naquele mar de gente no aeroporto de Madrid, mas foi um choro bom, de felicidade, porque a viagem foi maravilhosa e a presença deles aqui me deu um empurrão - disse pros meus pais que eu até subi de classe social durante a estadia deles aqui. O difícil agora vai ser voltar pra classe proletária.
Bom, foram 24 dias de muita estrada, check in, conversas, risos, brigas, comida, bebida, malas e, principalmente, sonhos realizados. Vou dividir os relatos em blocos nos próximos posts. Por enquanto, uma sessão de fotos:

NA FRONTEIRA COM PORTUGAL


ALMOÇO EM PORTO


DEGUSTAÇÃO DE VINHO DO PORTO


A NOSSA CARROÇA, EM FARO, NO EXTREMO SUL DE PORTUGAL


EU E PAPI EM CÁDIZ, EXTREMO SUL DA ESPANHA, A CIDADE EUROPÉIA MAIS PRÓXIMA DA ÁFRICA


CÓRDOBA, A CAPITAL DO IMPÉRIO MOURO


NEM PRECISA DIZER ONDE


NO ALTO DA TORRE - O SONHO DA MINHA MÃE REALIZADO E UM VENTO DA P.. NA CARA


MOULIN ROUGE (Ok, tá muito turisticão, já vou mudar)


PRÓXIMA PARADA: BARCELONA!


ALMOCINHO NA MINHA VARANDA NUM PIT STOP EM MADRID


EU, BEL E A SERRA MADRILENHA

domingo, 5 de abril de 2009

Uma semana a gente estuda, a outra trabalha e na terceira tira férias...

...que bom se a nossa rotina fosse sempre assim né?
Depois de dias dedicados exclusivamente a fechar o segundo trabalho do master, entrei na semana passada com duas matérias para o Brasil engatilhadas, uma para a Vogue, que sai em junho, e outra para a Folha, que saiu hoje, sobre a reforma de lei do aborto aqui na Espanha (http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo/ft0504200907.htm - mando detalhes num próximo post, para não ficar grande).
Tinha planejado uma semana tranquila, para descansar e planejar a minha viagem de Semana Santa - aqui na Europa temos dez dias sem aula nesta época.
Mas, que bom, pintou esses dois "frilas", para entregar na quinta-feira. Junto disso, fui cobrir uma feira gourmet, o que embolou o meio de campo. Resultado: pela primeira vez desde que cheguei aqui, dormi menos de 8 horas, por várias noites seguidas.
Mesmo assim, valeu a pena. Foi uma semana muito boa e produtiva, que culminou no sábado com o que foi o melhor dia da minha viagem: PAPI E MAMI CHEGARAM NA EUROPA!!! iupiiiii.
A sensação de vê-los chegando no aeroporto é indescritível! Ontem e hoje fizemos um super tour por Madrid - museus, show de flamenco, caminhadas e mais caminhadas, praças, compras e etc. Eles adoraram, eu também, e até voltei a me sentir turista (o que quer dizer que admitir voltar a fazer umas comprinhas por aí...). Amanhã começamos uma viagem de carro.
Enquanto isso, segue uma fotinho dos dois por aqui, em frente ao Marco Zero de Madrid:

quinta-feira, 2 de abril de 2009

O despertar no metrô


"Despertar é renascer a cada dia"
Esta é a primeira frase de um poema com o qual eu topei nesta tarde quando estava no metrô - que tem em quase todos os carros cartazes com textos, contos ou o início de algum livro para estimular a leitura dos viajantes.
"Despertar é entrar em um sonho que já está em andamento"
Estas frases me disseram tanto que, antes de terminar o poema, puxei meu bloquinho da bolsa e tratei de anotar o nome para encontrá-lo depois. Estas frases me disseram do prazer de desperdar para a vida, para o presente que está aí todos os dias tentando nos dizer da maravilha de existir, de estar aqui em corpo e alma, para a batalha que já começou e está longe de terminar, mas sobretudo para criar, passo a passo, a nossa própria história, e, assim, só assim, construir nossa liberdade, nosso sentido de vida.
Reproduzo aqui o poema, de uma poeta espanhola que eu não conhecia, Maria Zambrano.
Em seguida, uma tradução livre:

Despertar es renacer cada día. Y ya la luz nos aguarda.
Ya está ahí comenzada, la historia que haya de proseguir.
Despertar es entrar en un sueño ya en marcha,
Venir desde el desierto puro del olvido y entrar, lo primero,
En nuestro propio cuerpo, recordarlo sin rencor,
Entrar a habitarlo y recuperar nuestra alma, con su memoria,
Y, nuestra vida, con su quehacer.
Entrar como en un capullo tejido por innumerables gusanos afanosos;
Retomar nuestro hilo en el capullo fabricado incasablemente por el gusano-hombre,
Hacedor de ensueños que se objetivan, fabricador de historia.

María Zambrano

EM PORTUGUÊS (TRADUÇÃO LIVRE):
Despertar é renascer a cada dia. E a luz já nos aguarda.
Ja está aí começada, a história que há de prosseguir.
Despertar é entrar em um sonho já em andamento,
Vir desde o deserto puro do esquecimento e entrar, primeiro,
no nosso próprio corpo, recordá-lo sem rancor,
Entrar a habitá-lo e recuperar nossa alma, com a sua memória,
E a nossa vida, com a sua ocupação.
Entrar como em um casulo tecido por inúmeras larvas que trabalham;
Retomar o nosso fio no casulo fabricado incasavelmente pelo homem-larva,
Creador de sonhos (ou fantasias) que se objetivam, fabricante de histórias.