sexta-feira, 8 de maio de 2009

Ai que calor ô ô...


...e não foi (só) porque eu vi o Rafael Nadal de pertíssimo não! O tempo realmente foi camarada e me presenteou com dias de 30 graus essa semana.
Pela primeira vez no ano, eu suei! Tudo bem que fiquei andando pra lá e pra cá nesta semana, para cobrir a visita da comissão do COI aqui em Madri, a mesma que estava no Rio, pra avaliar a candidatura de ambas pros Jogos Olímpicos 2016. A visita terminou hoje, depois de um almoço no Palácio Real com os reis da Espanha e espanhóis ilustres como o Rafa Nadal e um jogador do Real Madrid que nem me importa saber o nome.
Sim, o Rafa é lindo, e não, eu não almocei no Palácio Real, apenas fui cobrir e logo voltei pro hotel onde estava a comissão. Mas me lembrei dos bons tempos com papi e mami e decidi ir almoçar num restaurante que eu já namorava faz tempo uma bela massa.
Depois de sair correndo pra aula e voltar correndo pra bater a matéria, fui encontrar duas amigas em Lavapiés, um bairro tradicionalmente de imigrantes (muitos árabes e africanos), mas que tem uma vida noturna bem ativa. Na volta, a caminho do ponto de ônibus, embarquei num devaneio notívago, observando esse movimento absurdo de gente as 3h, do argentino tocando violão e o casal dançando flamenco na Puerta del Sol aos bandos de universitários com suas sacolinhas na mão.
Um p.s.: gente, eu tenho que falar dessas sacolinhas, é uma mania que eu acho horrível desse povo aqui. Eles compram umas bebidas vagabas nos "chinos" (como se chamam os mercadinhos daqui, dominados pela massa de chineses que vive em Madrid) e saem por aí com a tal bebida em sacolinhas, via de regra carregadas por pessoas que, ao mesmo tempo que estão mega produzidas, maquiadas, penteadas, não fazem a menor cerimônia de sentar no meio da rua e beber no gargalo.
Pode ser uma visão elitista ou quadrada, mas custa sentar num barzinho e pedir um chope?
De qualquer forma, é só uma implicância (talvez um início de saudade...) boba, nada que me tire o sono. O que tem mesmo me tirado o sono são uns cheiros estranhos que às vezes rola pela minha casa (o que fica para um próximo post). Ah, e o Nadal! Ai, ai, que calor...

sexta-feira, 1 de maio de 2009

A gripe

Coisas de hipocondríaca: essa noite sonhei com um porquinho, e acordei com medo de ter contraído a gripe suína.
Isso porque na segunda-feira, depois de deixar minha irmã no aeroporto, resolvi tentar fazer matéria da tal epidemia daqui de Madrid. Fui até o terminal internacional e achei um vôo chegando do México. Quer dizer, eu e toda a imprensa madrilenha, que se aglomerava em torno dos passageiros. Como estava sem gravador, eu fui pra bem perto dos entrevistados para ouvi-los.
Pois bem, saí de lá feliz e contente com uma materinha na manga quando me dei conta: gente, eu fiquei muito perto desses passageiros! Ainda TOQUEI em um deles!!
Aí meu espírito hipocondríaco baixou com toda a força, e saí correndo pro banheiro pra lavar a mão um milhão de vezes.
Quando cheguei em casa de noite, depois da aula, tomei banho e coloquei toda a minha roupa pra lavar antes mesmo de entrar no quarto. huahua.
Bom, aos primeiros sintomas, eu atravesso a rua e me interno, porque tem um hospital na frente do meu prédio.
Copio aqui a matéria que fiz no dia:
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Para barrar mais casos, Espanha faz mega operação no aeroporto de Barajas
Com luvas e máscaras, policiais cadastram e revistam passageiros de voos do México, e governo pede às companhias para isolar pessoas com sintomas ainda no avião
LUISA BELCHIOR

Primeiro país europeu a confirmar um caso de gripe suína e a colocar em prática um plano de contenção da doença, a Espanha montou uma mega operação no aeroporto de Barajas, em Madrid, uma das principais portas de entrada da Europa. Até a conclusão desta edição o Ministério da Saúde espanhol informava haver 26 pessoas com suspeita de gripe suína dentro do país, além de um caso confirmado.
Em menos de dois dias, o Barajas se transformou em uma espécie de muro de contenção de possíveis casos da doença, com médicos de plantão, distribuição de folhetos para passageiros e de máscaras para todos os funcionários. Quem chega de voos do México é recebido por policiais com luvas e máscaras e submetido a um cadastramento com informações pessoais e de localização na Espanha, segundo relataram passageiros à Folha. Já os passageiros com sintomas da doença são isolados ainda no avião.
O esquema de segurança em Madrid, segundo contaram os viajantes, é mais rigoroso que o que foram submetidos no México. “Lá não tem máscaras, e, na verdade, a preocupação das pessoas é zero. Aqui o pessoal que nos recebeu e pegou nosso passaporte está de luvas e todo equipado. Pediram nosso endereço e nos deram um monte de instruções”, disse o vigilante Ivan Vásquez, 25, morador da região da Galícia que chegou na manhã de ontem do México.
O Ministério da Saúde espanhol alegou que o cadastramento se trata de “informação preventiva com o objetivo de identificar e localizar os passageiros em caso de que seja necessário”.
Ontem, o ministério informou que também pediu às companhias aéreas para que isolem passageiros que apresentem sintomas da doença em voos no território espanhol e
também informem em todos os aviões provindos de zonas com casos notificados da doença da necessidade de tomar medicamentos e consultar um médico.
“No nosso voo as aeromoças disseram que tinham umas pessoas com febre mas que já tinham sido examinadas. Mas estamos tranquilos”, contou o estudante Alejando Ortega, 22, que foi passar férias em Cancun e chegou ontem de volta à Madri.
Apesar das medidas, o clima no aeroporto de Barajas também era de tranquilidade. Na manhã de ontem, uma minoria dos funcionários trabalhava com máscara, segundo constatou a Folha em visita ao terminal 4, que recebe os voos internacionais de longa distância. O uso do aparato, segundo a assessoria de imprensa do aeroporto, é voluntário.
“Eles disseram para usar quem quisesse. Eu tenho um pouco de medo, mas não estou usando porque as aeromoças e o pessoal que trabalha perto dos aviões também não estão usando”, disse o funcionário de um balcão de informações do aeroporto.
Os folhetos sobre a gripe suína são distribuídos em duas versões: para quem viaja a “zonas afetadas pela gripe suína” e para quem chega de alguma delas. No primeiro caso, o ministério recomenda a todos os viajantes “cobrir o nariz e a boca com um pano ao tossir ou espirrar” e colocar o pano dentro de um saco plástico ao jogá-lo fora. Também pede que os passageiros não se desloquem muito se estiverem com sintomas da gripe.
O papel instrui os passageiros que regressam de áreas afetadas a monitorar o estado de saúde nos dez dias posteriores à chegada e, em qualquer suspeita, procurar um médico.
Fora do aeroporto, o governo também enviou protocolos de atuação nos casos de suspeita de gripe suína a todas as unidades públicas de saúde.
Apesar das medidas, a ministra da Saúde espanhola, Trinidad Jiménez, afirmou ontem que não há motivo para pânico.
“Neste momento não temos uma situação de emergência no nosso país, mas estamos trabalhando para nos antecipar, para atuar com prevenção sobre qualquer possível evolução dessa situação”, declarou Jiménez, em entrevista coletiva na qual anunciou o primeiro caso confirmado da doença na Europa.