sábado, 23 de agosto de 2008

Sem sal

Sem sal.
Sem qualquer bossa, sem um quê
Que faz do atleta um campeão, do professor um mestre,
Do encontro uma benção, do momento a eternidade.
Uma festa sem música, uma orquestra em silêncio,
Uma palavra sem sentido, um belo filme sem emoção.
O óbvio, mas não o sublime. O correto, mas não a paixão.
Sem sal.
Sem sol, mas também sem tempestade. Uma chuva fina.
Sem o êxtase, sem ir ao limite até que se esteja
Sem fôlego. Sem o suspiro. Um grito vazio. O grito
Sem explosão, sem a conquista sofrida.
Sem o abraço apertado. Um choro calado.
Sem inspiração, sem ação
Sem sentido.

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Portas entreabertas


Sou só eu ou os espaços realmente ficaram menores; as portas, menos abertas?
Sou só eu ou tá por aí aquela sensação de que "eu não sou daqui" em todos os lugares, em tudo que é porta entreaberta, que me parece cada vez mais fechada?
Eu saí de uma porta (ou ela se fechou pra mim) para, enfim, explorar os mundos por detrás das portas que se mostravam tão abertas quando eu espiava da minha janela.
Mas por que agora eu tenho a sensação de que estou no corredor, em uma espera permanente, assistindo aos feixes de luz diminuírem?
Sou eu que hesito em empurrá-las pra descobrir, quem sabe, que pode que o vento as encostou?
Sou só eu ou mundo parece cada vez mais um grande corredor, um não-lugar de portas entreabertas, mas já quase fechadas?