sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Assentamento

O encanto de Madrid é misterioso. Não por ser uma cidade com ares místicos e lugares secretos - até porque não o é -, mas por te enganchar sem nenhum motivo aparente, sem obviedade. Ele, o motivo, aparece sutilmente quando você está andando na rua, ou vagando por aí.
Tão sutilmente que acho que tinha até me esquecido porque quis voltar. Ok, o curso de doutorado era o motivo principal, na carona das chances de continuar fazendo jornalismo freelance e de rever as amizades.
Mas as entrelinhas deste roteiro principal são como o encanto de Madrid: não se tira delas uma resposta direta, uma obviedade como a Paris da Torre Eiffel, dos museus, das baguetes e doces maravilhosos em cada "birosca" ali da esquina, do charme da cidade universitária onde fiquei hospedada há três semanas.
A resposta vem aos poucos...
Na semana passada, foi a vez de a minha irmã vir pra cá, e, ao contrário da minha estadia em Paris, com agenda cheia, por aqui faltava compromisso pra preencher os dias - há que se considerar também que ela já conhece todos os pontos turísticos que eu conseguia pensar.
Mas foi numa caminhada rumo à chocolateria San Ginés - que tem os churros com chocolate mais famosos de Madrid - que a tal resposta veio.
Foi essa:

A luz da lua cheia que rasgava as nuvens e completava a iluminação do prédio da prefeitura de Madrid (este que aparece na foto) e a decoração natalina já em toda a cidade foi a minha resposta. Não podia ser nada que não o céu de Madrid, que já me deu as boas vindas, me consolou, me parabenizou no meu aniversário, sorriu comigo e se despediu quando fui embora, que agora me daria essa resposta, ainda que, conscientemete, não a tivesse buscando.
Hoje passei o dia arrumando meu quarto depois de quase duas semanas só parando nele para dormir por causa de aulas, trabalhos, turismo e muitos encontros, e também para aproveitar que não tinha curso - muito puxado - e planos pra noite - também muito puxada(pro meu ritmo!).
Depois de baixar o acampamento (enorme, por sinal) e antes de fazer uma deliciosa tortilla española e devorá-la enquanto assistia a um documentário na TV Española sobre o El Bulli - do Ferran Adria, o melhor chef do mundo segundo não sei quem - plantei umas sementes de girassóis que tinha comprado em Paris, porque me lembrei da frase que veio no cartão que meus pais me deram a caminho do aeroporto: "se quiser ser feliz por toda vida, cultive um jardim".
P.s.: Nos próximos posts, fotos e detalhes do novo apartamento e do bairro e algumas dicas pra quem quer vir por essas bandas(com hospedagem garantida!).

2 comentários:

marcelo alves disse...

Ah, que saudade. E hoje eu ainda vi o novo filme do Almodóvar. Quando ouvia palavras que foram tão comuns por alguns dias como "Madri" e "calle" dava vontade de pegar o avião naquela hora e partir sem destino.

kitty disse...

depois de baixada a poeira e descoberto o mistério madrilhenho, eu digo: as duas flores mais lindas e especiais,já estão no meu jardim.