sábado, 1 de maio de 2010

Os estrangeiros, todos nós

Árabes, romenos, latinos, indianos, coreanos, chineses. Aqui não há dúvida: somos todos estrangeiros. Aqui, no setor de "extranjería" do Ministério do Trabalho, onde enfrento uma fila de duas horas, um tempo que parece curto para tanta informação que me vem enquanto olho em volta: gente de tudo quanto é cor, cara, forma. Segurando filhos, lendo livros, dicionário e jornais gratuitos que passam de mão em mão, jogando paciência no Ipod. Rostos que mostram aborrecimento mas também, cada um deles, um país, uma história, um caminho, todos eles convergindo aqui em Madri e fazendo eco com a primeira frase do texto que levava para ler: "A maioria das sociedades contemporâneas são entidades multiculturais, nas quais indivíduos e grupos coexisten em ocasiões muito diversas".
Vejo neles não só as típicas histórias de sofrimento, mas também conquistas, alegria, tranquilidade, gente que veio para estudar, atrás de um amor, para fazer dinheiro, mas sobretudo gente em movimento, que não se intimidou pelo decadente limite das fronteiras nacionais, que viu além dele, e que hoje está aqui, formando, conscientemente ou não, um bolo de ingredientes tão diferentes mas ao mesmo tempo tão harmônicos, porque, afinal "todos somos filhos de Deus.

Só não falamos as mesmas línguas".

4 comentários:

Kitty disse...

Que lindo!
lentes "grande angular" são seus olhos!

Ricardo martins disse...

Que retrato interessante de uma oficina de imigração. Qualquer um que já teve que fazer isso se identifica um bocado.

Muito bem escrito, parabéns!

marcelo alves disse...

Ah Luísa, como eu queria estar aí em Madri neste sábado. Terei que me contentar com a final da Liga dos Campeões apenas pela TV.
beijo,
marcelo

Luisa Belchior disse...

Eu aproveito por você Marcelo, pode deixar, hehe.
bjs!