quarta-feira, 12 de agosto de 2009

As férias - capítulo 2


Dois dias depois e aqui estou, estirada na praia de Barceloneta, em Barcelona, sob um sol de 40 graus que arde até as 21h30 e sobre uma areia que, como o brinco de capim dourado que uso, reluz como grãozinhos de ouro quando o sol bate na borda do mar Mediterrâneo.
Ah, o Mediterrâneo. Esta foi a primeira vez que mergulhei, nadei e boiei nele (ok, confesso que não é muito diferente do Atlântico, fica então de licença poética tá?). E boiei com meus lábios ardendo pelo sal (este sim, mais forte que no Atlântico), meu corpo tostando com o sol mas minha alma, seca por um banho de mar, sugando todo o prazer daquele momento.
Esse excesso de elogios pode uma visão romântica fruto da nostalgia que me bateu durante este verão de muito calor e nenhuma umidade em Madrid, somado aos seis meses sem tocar o mar. Até porque, praia por praia, prefiro Ipanema. Mas a Barceloneta, especificamente, é uma praia que compete com as nossas, embora também tenha seus defeitos. Um deles, os pick pockets profissionais, que inclusive tentaram roubar minha bolsa enquanto eu boiava no mar.
Fui salva por umas meninas holandesas de topless que estavam sentadas ao meu lado(o Marcelo e Renato se arrependeram profundamente de não ter me acompanhado na praia esse dia). Como boa carioca, havia pedido que elas olhassem minha bolsa, mas só pela força do hábito. Afinal de contas, pensei, sorry periferia, mas estou numa praia européia. Bobinha.
Comemorei o fato de que não tinha sido roubada (de novo, como boa carioca, isso é motivo de comemoração) devorando um bocadillo de calamares (= anéis de lula a milanesa na baguete) ali mesmo na areia, enquanto lia "Geografia a Fome" e esperava o Marcelo, que foi me encontrar para um passeio na orla para o pôr do sol (leia-se 22h).
E passeamos por uma das partes mais encantadoras de Barcelona: ótimos músicos se apresentando na rua, pessoas sentadas na grama assistindo, filas de bares e restaurantes à beira-mar e uma zona portuária cujo charme e movimento foram restaurado para as Olimpíadas de 92 e se mantêm até hoje.
Foi um fim de dia perfeito daquela viagem perfeita: matei toda a minha sede de mar e me diverti com amigos do Brasil - que, diferente dos ótimos amigos brasileiros que eu fiz aqui, fazem parte da minha história, são um pouco como família e, por isso, fazem eu me sentir um pouco mais em casa. No meio da madrugada peguei o ônibus até o aeroporto de Girona, cidade vizinha a Barcelona e de ontem saem os voos baratos para Madrid, para voltar feliz e contente a Madrid. Ledo engano...
Perdi o voo porque estava sem o passaporte (achei que a carteira de residência espanhola bastasse). Me disseram que ligasse para a polícia da Catalunya, que enviaria uma viatura ao aerporto para registrar a perda do passaporte e, com essa denúncia, conseguiria viajar. Mas eles deviam estar fazendo operação em alguma favela de Barcelona porque passou uma hora e nada. Fui tentar falar com os simpáticos e flexíveis funcionários da RyanAir, que disseram que podiam me colocar num voo da tarde por uma mísera taxa de 100 euros, apenas 95 euros a mais do que eu tinha pago.
Então ali estava eu, as 6h30, sem dormir, num aeroporto lotado de gente, no meio do nada, sem passagem e sem destino. Opa, eu disse sem destino? Hmm, aquele estresse começou a ficar interessante: quem sabe não seria uma chance de me aventurar por aí? Fui ao balcão de informação e decidi ir para onde saía o primeiro ônibus. E lá fui eu, para mais um dia de ótimos imprevistos...

2 comentários:

Marcelo Alves disse...

Aquele foi um dos melhores dias da viagem. Que cidade encantadora é Barcelona. Saudades de lá.
beijo,
marcelo

Zahar disse...

Salve Luisa!
Excelentes férias as tuas hein! O único ponto negativo foi a companhia do Renato, mas isso dá pra aturar, quando se é zen como você... hehehe. Tadinho do tucano. ;) beijos