quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Gaia


Quando você dá a mão ao seu filho e caminha confiante em busca daquilo que você vê tão claramente à frente, eu caminho com você, também confiante de chegar.
Quando você se assusta com o inesperado, eu me assusto com você, e quando você tenta, em vão, passar por cima de tudo, meu estômago dói de angústia.
Quando as ondas do seu mar resolvem descansar, e você consegue até boiar tranqüilo, eu flutuo com você, pensando, quem sabe este sono da ressaca não é mesmo eterno.
Até quando os passos do teu passado te dão uma rasteira, eu desabo com você.
Quando o medo e a solidão são tudo que parece te restar, para mim é também difícil acreditar que ainda há luz.
Mas quando essa luz, fraquinha mas fruto unicamente do teu esforço, começa a brilhar contra a parede, brilham também meus olhos, e a ternura do teu amor também me abraça.
Quando, finalmente, você explode de felicidade, esta palavra que você tanto buscou no dicionário da vida, contenho toda o meu êxtase em lágrimas discretas, embora queira gritar com você, embora queira cuspir esse calor que eu sinto com a tua conquista, que é como se fosse a minha, assim como a tua busca, angústia, tristeza e solidão, como se estivéssemos conectados, braços da mesma raiz, filhos da mesma Terra.

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